Maio_2010 - page 114

R E V I S T A D A E S P M –
maio
/
junho
de
2010
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CASE-STUDY
compatriotas, saudosos dos sabores de sua
terra, pedidos paraproduzir embutidos.
Oprimeiro produto oferecido, emmeados de
1932, foio“Cotechino”,uma linguiça feitacom
carne de porco, geralmente consumida com
lentilhas no primeiro dia do ano para trazer
boa sorte. Uma tradiçãodonorteda Itália.
O Sr. Giovanni aí percebeu que seria mais
promissordedicar-seàproduçãodeembutidos
do que à venda de carnes aos moradores da
VilaCarioca. Começava, naquelemomento, a
Ceratti. “Deum ladoestavaomeuavô,apenas
com o ensino primário e com uma veiamais
sonhadoraecomercial e,deoutro,D.Gina,na
produção, tomando conta cuidadosamenteda
operacionalização de tudo. Dois empreende-
dores”, diziaMárioa simesmo, emvozbaixa.
Asegundageraçãochegouàempresanasdéca-
dasde40e50.Newton,ofilhomaisvelhodoSr.
Giovanni, tão logoseformaracomocontabilista,
começoua trabalharnaempresa.Depois,Fran-
coBenedetti,maridoda caçulaGenny, passou
a contribuirnonegóciodo sogro.
Nessasdécadas, recordavaMário,nascia tam-
bém a terceira geração: ele em 1953, sua irmã
Evelina, em1957, esuaprimaMaria Inês,filha
de seu tioNewton, em1961.
De repente, uma lembrança triste assolou seu
pensamento: amortede sua avó (de coração),
D.Gina.Mário tinha, à época, poucomais de
cinco anos, mas os detalhes daquele fatídico
dianunca lhe saíramdamemória. Umnó lhe
veio à garganta quando, numa fração de se-
gundos, reviveua imagemdesuaavópedindo
para se despedir dele, pouco antes de entrar
naambulância. AmãodeD.Gina suavee ca-
rinhosamente tocaraMário. Lembrança, para
ele, ainda hoje, intensa emística. No vaivém
de seus pensamentos, hoje, àquelemomento
soa como uma espécie de consentimento de
sua avóparaque, anosmais tarde, ele levasse
adianteecomvigorosnegóciosdesua família.
OSr.Giovanniestavacompoucomaisde60anos
e,viúvopelasegundavez,decidiucasar-senova-
mente.Juntocomoterceirocasamento,chegaram
à família (eaonegócio)algumas turbulências.
AmemóriadeMário,deseuscincoaos18anos,
guardouumperíododebrigasna família. En-
simesmado e cabisbaixo,Mário se recorda de
seupai, FrancoBenedetti, nervoso, ao relatar
para seu avô alguns problemas recorrentes: a
famíliada terceiraesposaabastecia carros em
nome da empresa, retirava carnes e produtos
dosestoquesquandobementendia, sempres-
tarcontas.“Eraumclimadeguerraconstante”,
recordouMário.
Essa experiência refletiu profundamente no
estilo de gestão deMário, que formou-se em
Administração, noanode1976, e iniciou suas
atividadesnonegócioda família cientede seu
importantepapel comoconciliadordediversos
(eadversos) interesses.Tomouparasi,naquela
Equipee frotadeentre­
gadaCeratti,em1968.
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