Marco_2005 - page 70

Banco de
Marca
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R E V I S T A D A E S PM –
M A R Ç O
/
A B R I L
D E
2 0 0 5
brasileiros é também uma das
causas para a manutenção da taxa
de juros em patamares tão eleva-
dos. Em suma: a sociedade está
bancando – a preços elevados –
toda a ineficiência do setor finan-
ceiro brasileiro sem uma contra-
partida econômica razoável para
esse sacrifício.
Com a queda da taxa de juros, vital
para que a economia volte a cres-
cer, tudo indica que a rivalidade
entre os participantes do setor será
crescente, o que resultará em ini-
ciativas desesperadas, como con-
tas correntes com tarifa zero (medi-
da já adotada pela Caixa Econô-
mica Federal), reduzindo ainda
maisa lucratividadedo setor. Lucra-
tividade decrescente, disputa cres-
cente por clientes; estemercadodá
sinais de que vai se concentrar
aindamais, emuitos bancos, entre
eles atéalguns grandes, terãomuito
pouco a fazer para sobreviver.
Segundo dados da Federação
Brasileira das Associações de Ban-
cos, Febraban
2
, o mercado ban-
cário brasileiro vem experimen-
tando mudanças em ritmo mais
intensodesde a implementaçãodo
Plano Real, há nove anos. Essas
mudanças ainda não terminaram.
Fusões, aquisições, entrada e saída
de competidores estrangeiros,
iniciativas como estas, tão comuns
nos últimos anos, continuarão a
acontecer.
SETORÉ
INEFICIENTE
Não bastasse a evidência do acir-
ramento da competição, a verdade
é que o setor bancário no Brasil é
ineficiente. Um recente estudo do
FMI apontou os bancos brasileiros
como os mais ineficientes do
mundo, como mostra o quadro
abaixo. Esta realidade evidencia
que o elevado grau de competição
entre os bancos, a baixa fidelidade
dos clientes eos ganhos fáceis com
intermediação financeira fizeram
do setor financeiro um segmento
que vive à espera de uma grande
crise, aquela que virá no dia em
queos juros praticados peloGover-
no Federal apresentarem, de fato,
uma queda consistente.
Emmeados de 2003, o FMI publi-
cou o estudo “Do Brazilian Banks
Compete?”, que analisa de forma
detalhada o mercado financeiro
brasileiro e aponta questões rele-
vantes que a sociedade brasileira
nãodiscutiu.Os veículos de comu-
nicação brasileiros, provavelmente
preocupados comovolumedepro-
paganda que recebem dos bancos,
ignoraram olimpicamente o estudo
do FMI, que aponta sérias inconsis-
tências no mercado financeiro
brasileiro. Uma delas é o fato de
que os grandes bancos, justamente
os que apresentammaiores índices
de lucratividade, têm elevada ex-
posição a títulos da dívida públi-
ca. Ou seja: o lucro dos grandes
bancosnãoestásendooriginadoem
operações bancárias tradicionais,
como empréstimos, investimentos
e prestação de serviços, mas, basi-
camente, através dos juros cobra-
dos aoGoverno Federal parao giro
da dívida pública. Em alguns gran-
des bancos, nada menos do que
80%do lucro têmorigemem títulos
da dívida pública.
BAIXAEFICIÊNCIA
Comparaçãodo sistema financeirodoBrasil comodeoutras regiões.
RELAÇÃOENTREOCUSTOOPERACIONALEA
RECEITAOPERACIONAL (noanode2000,em%)
BRASIL
*Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru. **1998
88,8
AMÉRICALATINA
69,0*
UNIÃOEUROPÉIA
67,1**
JAPÃO
60,9
EUA
60,5
Fonte: FMI
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