Marco_2005 - page 66

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R E V I S T A D A E S PM–
M A R Ç O
/
A B R I L
D E
2 0 0 5
muitas oportunidades – e soube
desenvolver um
mix
, protegendo-se
de alguns riscos e explorando as
possibilidades. Vou dar um outro
exemplo:oda indústria têxtil.Todos
acham que a China vai exportar
panos de segunda categoria ouque
vai ter fábricas tipo maquiadoras,
com centenas de máquinas de
costura emilhares de funcionários.
Nada disso. No ano passado, a
China comprou 80% de todo o
equipamento têxtil fabricado no
mundo – a ponta da tecnologia. Se
visitaras indústriasdaChina, vai ver
que são todas computadorizadas.
Vem o chinês e pergunta de que
marca você quer o terno –Armani.
Ele põe no computador, Armani, o
computador programa e amáquina
entrega. Não temos essa tecnologia
noBrasil,masomercadoglobal vai-
se abrir para os mais competentes.
Podemosseraltamentecompetitivos
–ninguémcompetecomoBrasil na
área do agronegócio.
JR
–Gostaria de estar errado –mas
será que a economia dirigida – na
China – não favorece um pouco as
coisas?
SERGIOAMARAL
–AChinaéum
enigma.Háosquedizemqueo seu
grande êxito foi a liberalização
comercial ea introduçãodaecono-
mia de mercado; outros dizem que
decorredo fatodequeoEstadopratica
umapolítica industrialativa.Ninguém
investe naChina, sem negociar com
o governo chinês – onde se pode ou
não investir. O governo tem um de-
partamento de planejamento da
economia... Eles resolveram essa
ambigüidade, chamando a sua
economiade“economiasocialistade
mercado”. Na verdade, o que eles
mostraraméumgrandepragmatismo
e uma capacidade de administrar
uma economia, respeitando seus
fundamentos – eles não têm
inflação, têm uma situação fiscal
absolutamente sob controle e o
pragmatismo na sua política de
promoção das exportações.
JR
– Como o Sr. vê o recente lan-
çamento do logotipo em apoio à
marca Brasil?
SERGIOAMARAL
–É importante,
porque vai dar unidade visual ao
produtobrasileiro, facilitando a sua
identificação. É um passo positivo.
JR
– EcomooSr.vêaaçãodanossa
imprensa, que–naminhaopinião–
tendeadarmuitodestaqueaos fatos
negativos?
SERGIOAMARAL
– Sempre que
se está no governo, se acha isso; e,
quando na oposição, é o contrário.
Acho importante que a imprensa
seja livreequenoticieoqueo leitor
quer ler. Isso depende também do
nível cultural: uma sociedade de
nível cultural mais elevado tenderá
a ter informaçãodemaiorqualidade.
A imprensa inglesa, por exemplo,
temveículosdealtíssimaqualidade,
como o
Financial Times
, e outros
péssimos. Mas a nossa exagera um
pouco na cobertura de assaltos e
seqüestros – mesmo verdadeiros –
nãoporque ela os noticie,mas por-
queoscorrespondentesestrangeiros,
poucas vezes, têm informação de
primeira mão, e se limitam a
reproduzir matérias que saem na
imprensa. Ao passar para outra
sociedade, transmitemde formade-
turpada, pois as notícias tendem a
maximizar os eventos...
JR
–Oqueme leva aoutro assunto
que é o
lobby.
Ouvimos que oMé-
xicogastabastantedinheirocomes-
critórios de
lobby
, emWashington,
paradefender os interessesmexica-
nos,nosEstadosUnidos.OBrasil faz
alguma coisa nesse sentido?
SERGIO AMARAL
–Vivemos um
momento novo da realidade inter-
nacional, em que diminui o papel
dos Estados e aumenta o das
sociedades. Estamos assistindo –
mesmoqueainda insuficientemente
– a uma liberalização das barreiras
comerciais.Mas estão aumentando
asbarreirasda sociedade. Embreve,
não se exportarámais nada de ori-
gem animal, para aAlemanha, sem
garantias de que os animais não
sofreram. A questão ambiental é
cada vez mais importante para
certos países – os consumidores
queremsaber seocafé foiproduzido
semafetaromeioambiente, seasua
produção não incorporou mão-de-
1...,56,57,58,59,60,61,62,63,64,65 67,68,69,70,71,72,73,74,75,76,...115
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