Marco_2005 - page 69

Armando
Levy
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M A R Ç O
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A B R I L
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A DA E SPM
do desemprego e o evidente com-
promisso que os governos atual e
futuros terãoqueassumir comagera-
çãode empregos, permite vislumbrar
que a saída para esse problema será
alcançadaatravésda reduçãodopeso
dadívidapública,comaconseqüente
redução da taxa de juros.
E quando a taxa de juros cair para
níveis civilizados, os bancos brasi-
leiros estarão frente a frente com
uma nova realidade: precisarão
ganhar dinheiro através das rela-
çõescom seusclientesenãoapenas
através de artifícios de tesouraria.
Alberto Borges Matias, mestre em
contabilidadepelaUniversidadede
SãoPaulo, escreveuum estudo lan-
çado em 2002 pela Editora Ma-
nole
1
onde aponta as causas do in-
sucessodegrandesbancosprivados
brasileiros. Mas Matias foi além:
estudouosbalançosdosbancosque
cerraramsuasportasou foram incor-
poradosecomparouessesbalanços
com os balanços de outros grandes
bancos em operação e chegou a
uma fascinante conclusão:
“A aplicação dos modelos de pre-
visão de insucesso aos dez grandes
bancos privados nacionais de
varejo, ematuaçãoem30/06/1998,
indica que, caso não haja trans-
ferência de renda forçada para o
setor bancário brasileiro por eleva-
ção de juros, desvalorização de
notas ou benefícios tributários:
Em um período de seis me-
ses, sete dos 10 bancos ana-
lisados terão insucesso.
Em um período de um ano,
dos trêsbancos restantes, um
terá insucesso.
Em um ano emeio, dos dois
bancos restantes, um terá in-
sucesso.
Emdoisanos,obanco sobre-
vivente terá insucesso.”
Matias enfatiza que, por “insuces-
so”, deve-se entender não apenas
a liqüidação formal, mas, também,
fusões, aquisições e incorporações.
Ou seja: segundo omodelo desen-
volvido por ele, sem uma taxa de
juroselevada,os10maioresbancos
privados brasileiros não sobrevi-
veriam da forma como são hoje. A
conclusão óbvia é que, mais do
que a taxade inflação, usada como
desculpa pelo Banco Central para
elevar a taxa de juros, a ameaça
de extinção dos bancos privados
1.
2.
3.
4.
Adifícil realidade,
que engorda a
lucratividadedealguns
bancos enquanto
sacrificaacapacidade
degeraçãodeempre-
gos do setor produtivo,
já foi diagnosticada
comooprincipal
obstáculo ao
crescimentodopaís.
A
INTRODUÇÃO
s elevadas taxas de juros que o
governo é obrigado a praticar para
rolar a dívida pública explicam,
em grande medida, por que o país
não cresce. Essa difícil realidade,
que engorda a lucratividade de
alguns bancos enquanto sacrifica a
capacidade de geração de em-
pregos do setor produtivo, já foi
diagnosticada como o principal
obstáculo ao crescimento do país
há pelosmenos duas décadas, mas
pouco tem sido feitopara desarmar
essa bomba-relógio.
Noentanto,oagravamentodascon-
dições econômicas, o crescimento
1...,59,60,61,62,63,64,65,66,67,68 70,71,72,73,74,75,76,77,78,79,...115
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