Marco_2005 - page 67

Sergio
Amaral
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M A R Ç O
/
A B R I L
D E
2 0 0 5 – R E V I S TA DA E SPM
obra infantil.Por isso, aestratégiade
comercialização do produto bra-
sileirodemandacadavezmaisuma
postura demarketing – saber como
você se relaciona com aquela
sociedade.Amesmacoisavalepara
osprocessosdecisórios.OCongres-
so americano tem um papel funda-
mental nocomércioexterior e, vári-
as decisões suas afetam os nossos
negócios, como subsídios na área
agrícola, noalgodão.Nossapostura
é correta, ao levar o caso à OMC,
mas também temos deestar presen-
tes no Congresso americano, para
tentar evitarmedidasquenospreju-
diquem.Aí, as ações especializadas
de escritórios de advocacia,marke-
ting,
business
são necessárias.
JR
–OSr. temumavisãoprofissional
demarketing.
SERGIOAMARAL
–FuiSecretário
deComunicação por quatro anos e
fiz pós-graduação na Sorbonne em
Comunicação Política.
JR
– Será que o Itamaraty pode de-
sempenhar um papel ainda mais
importante na expansão dos ne-
gócios internacionais do país, se
tivermaisprofissionaisdemarketing
e comunicação?
SERGIO AMARAL
– Acho que o
marketingéuma realidadenovanas
relações exteriores, eos diplomatas
brasileiros deveriam – desde a sua
formação–estaratentosaessanova
realidade. Hoje, o diplomata não é
apenas um negociador com outro,
governo – como na diplomacia
tradicional – mas tem de trabalhar
comopeão, comaopiniãopública
para vender as idéias de seu país,
ter experiência em lidar com a
imprensa,mobilizaraopiniãopúbli-
ca, e, talvez, atéajudar a seduzir os
consumidores.
JR
– A ESPM está às ordens doMi-
nistério e do Instituto Rio Branco.
Embaixador, pelas suas caracterís-
ticasehistória,oBrasilnunca foium
país voltado para fora. Apesar de
tantos cursinhosqueexistempor aí,
averdadecruaéqueobrasileironão
fala línguas,nãoéumser internacio-
nal.ComooSr. vêa reaçãodenossa
sociedade,diantedessaconquistade
mercados internacionais?
SERGIO AMARAL
– São fatores
históricos,mas tambémgeográficos.
Quandomorei emGenebra, Suíça,
estava do lado da fronteira com a
França. Pela manhã, passeava de
bicicletae, nopasseio, cruzavacin-
covezesa fronteira.Paraquemmora
em São Paulo, a fronteiramais pró-
ximaestáaquase2milquilômetros.
É natural que a realidade interna
tenha um peso grande e a externa
menor. Mas acontece que, com a
globalizaçãoeas novas tecnologias
de comunicação e transporte, as
distâncias se encurtaram e, o que
acontece no exterior tem peso para
nós. Se alguns países asiáticos
começarem a converter suas reser-
vas dedólar para euroou libra, isso
pode ter séria repercussão para a
economia americana. Emais ainda
paraeconomiasdeportemédio, co-
moanossa. Portanto, temos dedar-
nos conta de que a realidade exte-
rioré fundamentalparanósemqua-
se todos os ramos de atividade. A-
cho que está demorando, essa in-
teraçãomais freqüentee rápidacom
oexterior. Estamosdescobrindo que
ocomércioexteriorveiopara ficar e
que temosdenosprepararpara isso.
JR
–OSr. achaqueasescolascomo
a ESPM têm um papel a desem-
penhar nesse processo?
SERGIO AMARAL
– Sim. Como
acho que seria interessante o Rio
Branco terumaexposiçãomaioràrea-
lidade do marketing, também acho
queasescolasdemarketingprecisam
termaior exposiçãoà realidade inter-
nacional. Não basta saber fazer o
marketing lá fora;precisasabercomo
funciona a realidade exterior, quais
sãoos órgãos políticos que estãopor
trás da realidade do protecionismo,
por exemplo.
Éprecisoentendercomo funcionam
os grandes
players
mundiais.Naera
global, omercado é planetário. Ele
não está mais limitado pelas fron-
teiras nacionais, e todos atuam em
todos os pontos. Precisamos estar
conscientes disso para saber como
atuar no setor externo.
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