Setembro_2002 - page 86

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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
nham clara consciência de que se
estava falando de propaganda co-
mercial, separando-a da política.
Isso é tão verdade, que uma das
grandes surpresas da pesquisa foi
que as pessoas são totalmente a
favordautilidadepública, edapres-
tação de contas pelas administra-
ções, pelosgovernos.Todos tinham
a impressão de que achavam que
Governonãodeveriaanunciar.Pelo
contrário.Oqueeles rejeitam–ede
formamuitoclara–éoquechamam
de “propaganda eleitoreira”. Eles
pareciam ter uma visão bem clara
de que falávamos de propaganda
mercadológica. Outra coisa, a pes-
quisa da Escola foi sobre profissio-
naisepode ter uma leituradiferente
deumapesquisasobreumaativida-
de.Onossomercado temprofissio-
nais extremamente iconográficos e
muitomarcantes.Aí tambémháum
viés. O exemplo da capa de
Veja
comdoisprofissionaisdepropagan-
da–dois redatores, quedeixarama
pura e simples noção de redatores
eviraramcapade
Veja
, exatamente
porque se transformaram no que o
Prof. Gracioso chamou de
“marqueteiros”.Esseéumpontoque
talvez a gente deva discutir.
FG –
Eu, às vezes, aqui na Escola,
digo: aindabemquenoschamamde
publicitários e não de marqueteiros.
Porque,poralguma razãomisteriosa,
apropaganda-atividade temumaex-
celente imagem, noBrasil.
Armando–
Eopublicitário também,
junto à população.
FG –
E o marketing não tem essa
imagem;émuitomal compreendido.
Talvezpelaexposiçãoexageradado
marketing político.
Piratininga –
Achoqueestáhaven-
do um viés ideológico nessa discus-
são que remonta aos anos 50. Quer
dizer,estamos reeditandoas tesesde
VancePackard – as grandes discus-
sões sobre a revolução publicitária
que houve nomundo a partir da dé-
cada de 50 – das pesquisas de pro-
fundidade, na época, chamadas de
“motivacionais”. Hoje, essa questão
ideológicanãoémaisumapreocupa-
ção. Até porque – sabemos perfeita-
mente–omundo,hoje,estáàderiva,
dopontodevista ideológico,poisnão
temos, como antes, uma âncora no
comunismo no qual se apoiavam to-
das as ideologias de esquerda, nas
várias nuances. Isso deixou de exis-
tir,ehojeestamosnummundo–como
disse aquele sociólogo – em que a
históriaacabou. Essa discussãome
lembraumpoucoasdiscussõesan-
tigas a respeito da utilidade da pro-
paganda. Acho que a pesquisa da
ABPestámuitomaispróximada re-
alidade do que essa com intelectu-
ais e formadores de opinião, que
participamdoschamados “gruposde
pressão”,equerempressionarosis-
tema central. Quer dizer, o sistema
tentando obter vantagens para os
seus grupos e para as suas idéias,
através da formação de determina-
dos conceitos. Não sei se não de-
veríamosdeixar de ladoessaques-
tão ideológica e partirmos para a
prática, ver o que está sendo feito.
Se queremos que essa discussão
sirva para os alunos que estão es-
tudando propaganda e marketing,
acho que ela é um pouco arcaica.
Sintoumacoisamuitomaisatual,do
pontodevistada imagemdapropa-
ganda, sãoesses dados queaABP
levanta e alguns vieses, como pre-
conceito contrapobreou contrane-
groseoutrasminorias, ouaspectos
deabusosdasexualidade,nascam-
panhas publicitárias. Esse é o pre-
sente e não essa questão ideológi-
ca, queme parece ultrapassada.
“Agrande
inteligênciade
mercadoé
respeitaro
consumidor.”
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