Leonardo
Trevisan
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S E T EMBRO
/
OU T UBRO
DE
2005 –REV I STA DA ESPM
nos EUA é crime revelar o nome de
um agente secreto. Alguém deixou
que ela soubesse isso, investigasse
o assunto e depois o governo a
processou exigindo que ela
contasse quem foi. A jornalista,
aliás, nunca publicou o nome da
agente da CIA, mas investigou o
assunto. Foi o suficiente para que
a Justiça americana, nesse mo-
mento, aceitasseoprocesso contra
a jornalista e o jornal. Alguém
tinha violado a lei contando o
nome de uma agente da central
de inteligência. O juiz queria
saber quem foi.
Oproblemaéqueumadasmáximas
da liberdadedeexpressãoéproteger
a fonte. Porque essa proteção existe,
foipossível,porexemplo, irem frente
na investigação sobreWatergateque
acabou por destituir o presidente
Nixon. A armadilha contra Judith foi
feita para desacreditar a imprensa,
especialmente o
The New York
Times
. A jornalista preferiupagar, na
cadeia, o preço de sua crença na
liberdade de expressão.
O caso ganhou especial destaque
porque, exatamenteagora,depoisde
maisde30anos deproteção, a fonte
do caso Watergate resolveu, por
vontade própria, “se revelar”.
Convém lembrar que os jornalistas
do
Washington Post
(o jornal que
publicou o escândalo Watergate)
cumpriram rigorosamente sua pa-
lavra: nunca disseram quem era o
“Garganta Profunda” que os
orientava. A fonte escolheu quando
queria revelar quem contava as tra-
A jornalista foi condenadaporqueaJustiçaamericanaexigiuqueela revelasseonomedequemcontouquea
mulher dodiplomata (quedesafiaraogovernoBushafirmandoqueo Iraquenão tinhaarmasatômicas) era
umaagentedaCIA,acentralde inteligênciadosEUA.
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