Leonardo
Trevisan
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S E T EMBRO
/
OU T UBRO
DE
2005 –REV I STA DA ESPM
nasuniversidadesoudas redesdeTV
comprando os “livros damoda e as
roupascertas”,depoisdeobservarem
bemoguarda-roupados verdadeiros
assessores da OMC e a indefectível
“malinha preta”, caríssima, que
portavam. A maioria das idéias
escabrosas de que falavam, nas
palestras e
talk-shows
, retiravam dos
livros que liam. Apenas as revestiam
deum certo toquedebom -humor.
É possível, portanto, acreditar em
tudo que se vê ou que se ouve ape-
nas porque está referendado pela
chancela de ummeio de comuni-
cação? É e não é bemdessemodo...
Talvez seja necessário admitir que o
primeiro antídoto contra a fé
inabalável em qualquer idiotice,
desde que publicada ou transmitida,
estánamaiordiversidadepossívelde
ofertanosmeios de comunicação. A
infalível lei de mercado seria
suficiente para depurar os absurdos:
descoberta a falsidade, a venda de
gato por lebre, o concorrente
denunciaria, encerrando a farsa. O
que a recente história dos meios de
comunicação temmostrado é que
não é bem dessemodo.
AMÍDIAEALEIDA
OFERTAEPROCURA
Diversidade de oferta em comu-
nicaçãonãoégarantiade imunidade
à “bobagem” nossa de cada dia,
quandoháodesejodelograrodistinto
público.
Concorrência forteemcomunicação
é só a ante-sala do perigoso terreno
de um possível “vale tudo”, que usa
a liberdade de expressão para auto-
referendar-se. A regra vale até
mesmo para os veículos de grande
circulação e seriedade. Também, ou
principalmente, nas sociedades
muito desenvolvidas. É preciso
lembrar, por exemplo, que Judith
Miller só foi para a cadeia porque
havia um clima para isso nos EUA,
queatingiaacredibilidadedosmeios
de comunicação como um todo. O
anode2005,porexemplo,começou
bem mal para os meios de
comunicação americanos quando a
Concorrência forteemcomunicaçãoésóaante-saladoperigoso
terrenodeumpossível “vale tudo”, queusaa liberdadedeexpressão
para auto-referendar-se.
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