Revista da ESPM SET_OUT 2012 Planejamento Estratégico - page 68

RevistadaESPM
|setembro/outubrode2012
68
entrevista|robertolima
a ele se alguma vez ligou para o seu
superior, noRio de Janeiro, para pe-
dirautorização.Não,ele foi fazendo.
Célia
Como se contratam pessoas
assim?
Roberto
– Elas são assim. As empre-
saséqueastolhem.
Gracioso
É uma cultura que não é
escrita,masdealguma formachegaaté
aspessoas...
Roberto
– É a cultura da confiança
das pessoas. Os profissionais podem
realizarmais do que se espera deles
se sentirem que têm a confiança da
organizaçãopara tal. Tem sempre al-
guémquevaiexageraretirarproveito
da situação. Enós temos de ter um
sistemaparaevitarque issoaconteça
e, se acontecer, aplicar uma punição
exemplar para evitar a repetição da
falta. Caso contrário, você começa
a criar controles e inibir que as boas
açõessejamfeitas.
Gracioso
HenryMintzberg, um dos
gurus do planejamento estratégico de
hoje,ficou famosocomo livro
Ascensão
equedadoplanejamentoestratégico
,
emquedeixaclaroasuafilosofiadeque
o plano é importante. Mas você prefere
trabalhar com a ajuda de um plano no
longo prazo com objetivos estratégicos
definidos de antemão ou aproveitar as
oportunidadesqueomomentooferece?
Roberto
– As duas coisas são extre-
mamente importantes. Mas é preci-
so ter cuidado na hora de formular
e expressar esse plano. Se fizermos
um plano para ampliar 10% ou 15%
da receita todo ano e 30% de cres-
cimento na margem, posso fazer
todo o possível para que a empresa
se encaixe nesses parâmetros. Isso
seráaminharegra,masnãogostode
fazer planos numéricos codificados.
Prefiro colocar no plano que o obje-
tivo, segundo os critérios de cresci-
mento, rentabilidade e satisfação,
será transformar aempresaemuma
das trêsmelhores domundo. Passei
por quatromudanças tecnológicas
naVivoe todaselasconviveramcom
nosso plano estratégico. As coisas
mudam com uma velocidademuito
grande. Veja o tablet, por exemplo.
Eraalgoquehádoisanosnãoexistia.
Nesse ano serão vendidos doismi-
lhõesde tabletsnoBrasil.Quemnão
estiver criando aplicativospara esse
equipamentoestará foradomercado
em pouco tempo. Por isso é impor-
tantedefinirumavisãodenegócios.
Gracioso
Os brasileiros sãomais pro-
pensosaaceitardiretrizesde longoprazo
doqueoseuropeusouosamericanos?
Roberto
–O brasileiro tem uma ca-
racterística de adaptabilidade que é
muito forte,porqueviveuemcenários
totalmente inseguros no período da
hiperinflação, quandoninguém sabia
dizer qual o valor real do seu salário
ou se daria para pagar as contas. O
brasileiro é extremamente criativo,
inovador e consegue entender a pro-
fundidadedascoisassemprecisarque
oplanosejamuitodetalhado.Épreciso
ter um plano, mas ele não deve ser
uma amarrapara aorganização, seja
elaqual for, podeserumaempresaou
uma organização social. Na Vivo, a
visãodoambienteéadeque todos fa-
zempartedeumasociedadeemredee
oindivíduopodemaisevivemelhorse
estiver conectado. Nossamissãopas-
sou a ser conectar pessoas. Então, eu
não instalavauma antenapara gerar
receita,masparafazercomqueaspes-
soaspudessemsecomunicardeforma
maissegura.Utilizamosocelularpara
transformar a vida das pessoas, dei-
xandoelamaisdivertida, inteligentee
segura.Coma implantaçãodessecon-
ceito,começamosavenderserviçosde
maiorvaloragregado, comocursosde
inglêseespanhol,enossasreceitasde
nãovoz, queeramde8% sobreo total
dofaturamento,passarampara27%.
Célia
Qual foi a importância da sua
formaçãoparaasuavidadeCEO?
Roberto
– Foi relevante, principal-
mente porque fiz duas escolhas na
vida que foram contra a corrente.
Quando estava no terceiro ano do
ensinomédio (antigo colegial), to-
dos osmeus amigos foram aprender
inglês. Como eu conhecia umpouco
esse idioma, resolvi estudar francês.
Depois, todos foramestudarnosEsta-
dosUnidoseeu fui fazermestradona
França.Convivicompessoasdomun-
do inteiro,oqueaumentouminhacul-
tura geral eme abriu possibilidades
enormes. Antes disso, quando entrei
paraaFundaçãoGetulioVargas,optei
por fazer faculdadedeadministração
pública, por conta dematérias como
sociologia e ciência política. Essa
formaçãome deuuma grande sensi-
bilidadeparaentendermelhoropapel
das organizações na sociedade. Uma
“NaVivo,avisãodo
ambienteéadeque
todosfazempartede
umasociedadeemrede
eoindivíduopodemais
evivemelhorseestiver
conectado”
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