Revista ESPM - jul-ago - Revolução Silenciosa - educação executiva como vantagem estratégica das empresas - page 125

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julho/agostode2013|
RevistadaESPM
Transformações
econômicasglobais
As inúmeras transformações econômicas dos últimos anosmostramque omundo
vive amelhor fase de todos os tempos. Mas o que cada país ganhou ou perdeu
coma globalização e quais os desafios do Brasil para atuar nesse cenário?
Por Ernesto Lozardo
O
s historiadores referem-se à evolução
das relações econômicas e diplomáticas
internacionais, nas últimas duas décadas,
como sendoopior ouomelhor dos tempos.
Se tiver de fazer uma ponderação, diria que vivemos a
melhor fase de todos os tempos.
Quandocomecei aescrever sobreaglobalização, desco-
briumnovomundoqueestavaencobertoporumanévoade
desinformações sobre a natureza das demandas sociais,
os avanços das empresas globais e o papel dos governos.
Muitas entidades organizadas culpavam a globalização
pela pobreza e pelos problemas ambientais no mundo.
Hoje, o entendimento é bemdiferente.
As análises dicotômicas entre sociedades desenvolvi-
das e emergentes foramse desfazendo como umsorvete
expostoaosol. Emse tratandodenações, oentendimento
sobre a importância da globalização foi intensificando
as demandas sociais pelo acesso a tudo que a ciência e a
tecnologia oferecempara o bem-estar de cada indivíduo,
emqualquer lugar do planeta. Trata-se de uma demanda
convergente das sociedades (desenvolvidas ou não), por
liberdade e direitos, acesso ao conhecimento e cresci-
mento da renda por habitante de forma estável e previ-
sível. Aarrogância dos países desenvolvidos cedeu lugar
à proximidade de interesses nas relações econômicas e
políticas comos emergentes.
Na história econômica dos novos tempos, a amplitude
crescentedadivergênciadarendaentrepaísesdesenvolvidos
eemergentesdeu-seao longode trêsséculos (1780-1990).O
iníciodessadivergênciacomeçoucomaRevolução Indus-
trial,queseespalhouportodaaEuropaechegouaosEstados
Unidos emmeadosdoséculo19. Noséculo20, os avanços
docapitalismoindustrialetecnológicoespalharam-separa
várias partes domundo. Os países pobres prosperaram e
passarama ser denominados emergentes.
Desde1990,observa-searapidezdaconvergênciadarenda
dasnaçõesemergentesemrelaçãoaodesempenhodospaí-
sesdesenvolvidos.Éumnovotempoquediferedasrelações
e realidades existentes no passado entre nações pobres e
desenvolvidas. No decorrer das últimas duas décadas, a
somadarendadospaísesemergentesaproximou-sedados
paísesdesenvolvidos edeveultrapassar essa fronteiraem
2020. Essa é a realidadedomundoglobal emque vivemos.
Amisériamundial decresceu rapidamente, particular-
mentenospaíses emergentes. AChinaea Índia retiraram
damisériamais de 800milhões de pessoas emmenos de
três décadas. No Brasil, em2000, existiam50milhões de
miseráveis oumuito pobres. Esse contingente reduziu-se
paramenosde15milhões. Issosignificaque35milhõesde
brasileiros ascenderam econômica e socialmente
uma
populaçãoequivalenteàdaEspanha. Omesmosedeunos
demaispaísesdaAméricaLatina. Essaspessoaspassaram
a ter renda, a fazer parteda sociedadedeconsumoeapou-
par. Trata-se de uma nova classe média, mais consciente
desuasconquistasemais reivindicatóriadosseusdireitos
públicos,privadoseconstitucionais,edopapeldoEstadonas
suasatribuiçõesdeprover serviçoscomqualidadesimilar
aos existentesnospaísesdesenvolvidos, emboraaorgani-
zaçãopolíticaeinstitucionalaindasejaadeumasociedade
poucoafluente.Obem-estar globalmelhorou, assimcomo
a conscientizaçãopolítica e ambiental das sociedades.
Anaturezadacriseeconômicadepaísesdesenvolvidos,
comoEstadosUnidoseUniãoEuropeia,podeserresumida
em poucas linhas: eles não estavam preparados para os
tempos da globalização. Os emergentes, talvez por não
disporem de maior interconectividade financeira com
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