Janeiro_2003 - page 43

RevistadaESPM– Janeiro/Fevereirode 2003
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nosso Portinari, quando
revelado
recentemente naFeiraMundial deNew
York, quase monopolizou a atenção da
maior imprensa domundo, que não fez
restrições ao mérito desse admirável
artista que oBrasil lhemandava.
queriam saber as últimas notícias sobre
a guerra. A propaganda comercial
aproveitou este clima
favorávelparavenderos
produtos
das
indústrias norte-
americanas, sem
esquecer
de
fomentaros ideaisdo
pan-americanismo.
A política norte-
americana de Boa
Vizinhança atuou em
muitas frentes, como o
cinema, o rádio etc. Contudo,
neste trabalho focalizoaanálise
sobre o pan-americanismo pelo
viés da propaganda. Para
empreender tal estudo, tenho como
fonte os artigos dos anuários e das
revistasespecializadasempropa-ganda,
além das imagens publicitárias,
veiculadas na revista
Seleções
, que
demonstram comoomercadobrasileiro
estava sendo cobiçado pelas indústrias
norte-americanas.
Num informepublicitáriodaagência
Inter-Americana de Propaganda,
publicado na revista
Publicidade
ficava
claro interesse norte-americano pelo
mercado brasileiro.
[...]dosEstadosUnidos,grandenúmero
deimportantesindustriaisecapitalistastêm
consultadoaInter-Americanapessoalmente
ou por correspondência, sôbre
possibilidadesdenegóciosnoBrasil.
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As visitas de representantes das
grandes marcas eram constantes e
geralmente vinham conhecer nosso
mercado e lançar produtos.
Procedente dos Estados Unidos
chegou [...] o Sr. James S. Hauck vice-
presidente de Lehn & Fink Products
Corporation, conhecido fabricantesdos
famosos produtos; de beleza Hinds e
DorothyGray.
A visita do Sr. Hauck ao nosso país
tem por fim especial estudar o nosso
mercado com a intenção de lançar aqui
novos produtos é possível que o nosso
público não esteja ainda bem
familiarizado comonomeLehn&Fink,
entretantoos seus produtos têm já larga
aceitação entre nós, especialmente o
Hinds Honey & Almond Cream, aqui
vendidos com onomedeÁguadeBeleza
Hinds.
O Sr. Hauck, que viajava em
companhia de sua esposa, pretende
demorar-se em nosso país por duas
outras semanas, durante cujo tempo,
“Aomesmo
tempo, artistas
americanos
invadiamoBrasil,
Walt Disney criava
ZéCarioca, assim
comoGuiomar
Novaes eCarmem
Miranda
encantaram os
americanos.”
[...]BidúSayão,GuiomarNovaes(a
quema imprensaamericana chamoude
“maior pianista do mundo”) Carmem
Miranda, com o “Bando da Lua”, são
aquelas duas, afirmação de que oBrasil
pode mandar para a terra dos dóla-res
artistasincontáveis–eestaúltima,anossa
“pequenanotável” (ouMiss-Mai-randa
comodizemosamericanos)umaprovade
que temos ritmos exóticos e originais, de
uma cadência dolente ou cheios dessa
beleza de nossas paisa-gens. É tudo isso
o que tem feito com que os norte-
americanospassamagorachamaraoRio
deJaneiro“Theworld’sgayest city...”[...]
A imprensadaAméricadoNorte tem
falado na possibilidade dos nossos
mercados, e na oportunidade de
aplicação de capitais norte-america-
nos... Numapalavra: oBrasil, pormeio
da maior imprensa do mundo, está
começando a deixar de ser um país de
la bas
, para ser um centro de interesses
econômicos e de atração turística.
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Vasconcelos finalizou seu artigo,
destacando o papel fundamental da
propaganda no estreitamentoda relação
entre os dois países.
E para que a atenção que agora
despertamos não seja efêmera, apenas
forçado pelas circunstâncias anormais
que omundo atravessa, é preciso que a
propaganda, principalmente comercial,
seja capaz de alicerçar o ideal e oPan-
Americanismo pelo entrelace dos
interesses econômicos.
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Destemodo, osbrasileirospassaram
a familiarizar-se com a cultura norte-
americana. Os filmes hollywoodianos
encantaramcom seu
glamour
oBrasil, e
a revista
Seleções do Reader’s Digest
trouxe para dentro dos lares brasileiros
oestilodevidaamericanoestampadoem
sua publicidade. Nas ondas doRádio, o
Repórter Esso era a companhia dos que
RevistaSeleções – Julhode 1944
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