Julho_2006 - page 64

Inovação e
fator humano
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R E V I S T A D A E S PM –
M A I O
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J U N H O
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Pela imaginação se dá vazão aos
sonhos, faz-se do impossível o pos-
sível e se ensaiampropostas e solu-
ções. A imaginação se exprime
muitas vezes na arte, seja por ima-
gens que valemmil palavras ounas
histórias fantásticas que despertam
a atenção e a curiosidade de quem
lê. Sejacomo for, a imaginaçãocria
a possibilidade de se pensar além,
de ser ou de fazer diferente aquilo
que acreditávamos que era reali-
dade ou o caminho adequado.
Assim, a imaginação, na sua apa-
rente despretensão, pode trazer a
semente da dúvida. E é esta que
provoca a curiosidade e a vontade
de explorar o novo que acaba de
ser percebido. Por isso, pode-se di-
zer que a imaginação tem o poder
de ser, de um lado, transformadora,
e de outro, arrebatadora.
O caminho da imaginação muitas
vezes supera os obstáculos da cul-
tura e da censura e envereda pelo
mundodas (im)possibilidades.Des-
ta maneira, surgem soluções antes
mesmo que existam condições de
viabilizá-las, sejam tecnológicas,
econômicas ou atémesmo da exis-
tência de demanda.
Um exemplo clássico é odo famoso
escritor francês Júlio Verne (1828-
1905). Ele previu com notável pre-
cisão muitas das realizações cien-
tíficas que ocorreriam dezenas de
anosapósapublicaçãodeseus livros.
Nestas se incluem ar-condicionado,
submarinos, helicópteros, mísseis
guiados e até vôos espaciais.
A imaginação pode ser capaz de
surpreender, atrair, cativare,por sua
vez, despertar o interesse de pes-
soas dispostas a fazer acontecer as
novas idéias e propostas. Quando
o imaginado se torna tangível e seu
valor é perceptível, estamos diante
de uma inovação.
INOVAÇÃO E
MUDANÇAS
Há mitos de que o ser humano
sempre resiste às inovações. Não
faltam livros, artigos e pesquisas
dedicados a estudar a resistência
às mudanças. Novamente, aqui
entra o relativo. Nem tudo que é
novo causa resistência. Certas
vezes o benefício é tão evidente
que até podemos nos perguntar
como poderíamos ter vivido até
então sem aquilo.
Imagine você trocando de carro no-
vo, por ummodelo que sempre so-
nhou e que pela primeira vez con-
seguiu tê-lo.Vocêentra, senteaquele
cheirinho do novo, a maciez do
volante, a suavidade de dirigir, o
silêncio interno, a sensaçãodebem-
estar que lhe invade. Dá para falar
de resistência à mudança?
De onde vem essa adesão imediata
à inovação, que rapidamente se in-
corpora à sua vida, que desperta
sentimentos humanos de carinho,
cuidado, orgulho, ciúmes e atéme-
do de perda?
Todasestas sensaçõese sentimentos
certamente não vieramdiretamente
do carro, por melhor que tenham
sido os estudos e pesquisas de seus
fabricantes. Eles podem ter estima-
do as possíveis reações de seus cli-
entes e planejado cada detalhe, do
modelo aomotor e interior, com os
melhores conceitos de design, me-
cânica e ergonomia.
Umexemploclássicoéo
do famoso escritor francês
JúlioVerne (1828-1905). Ele
previucomnotável precisão
muitasdas realizações
científicasqueocorreriam
dezenas de anos após a
publicaçãodeseus livros.
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