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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2001
como a mera possessão individual de
objetos isolados mas como a apropria-
ção coletiva, em relações de solidarie-
dadeedistinçãocomoutros,debensque
proporcionam satisfações biológicas e
simbólicas, que servemparaenviar e re-
cebermensagens”. (Canclini, 1999:66)
Deslocar o olhar de abordagens
deterministas – baseadas na mera
sobredeterminação da
infra-estrutura
sobrea
superestrutura
–não implicane-
cessariamentecairnumotimismo incon-
sistente– tãopresenteem interpretações
queentendemoconsumodemassacomo
uma mera democratização do acesso à
cultura de gruposmenos favorecidos –,
isso na medida em que, segundo
Bourdieu, os conflitos entre os diversos
gruposqueexistemnuma sociedadepo-
dem ser lidos através do estilo de vida
adotado pelos indivíduos que deles par-
ticipam. (Ortiz, 1983)
Ogosto, paraesseautor, consisteem
objetividade interiorizada, que se bem é
realizadapor um indivíduocomcaracte-
rísticas próprias, é sempre
mediada
pelo
grupoaoqual esse indivíduopertence.O
habitus
, nesse sentido, configura um es-
paço simbólico que é aomesmo tempo
social e individual. (Ortiz, 1983)
Contrariando algumas previsões
maispessimistas, aculturademassanão
conseguiunivelar aexperiênciaestética
nem reduzir o conceito de belo aos va-
loresdasociedadeburguesaeuropéia, in-
versamente, ela abriu brechas para a
múltipla expressão das mais diversas
culturas e subculturas, que, se
fenomenologicamente são bastante
diversificadas,podemseragrupadas,do
pontodevistaestrutural, emdoispolos:
dominante, queBourdieudenomina
or-
todoxia,
e dominado ou
heterodoxia.
(Ortiz, 1983)
A existência desses dois polos é por
si só fontede conflitos, umavezque en-
quanto a ortodoxia procura conservar
intactoo
capital social
por ela acumula-
do, aheterodoxiabuscadesacreditaresse
mesmo capital, manifestando seu
“Comoherança
dessaorigem, é
freqüenteencontrar
nasCiências Sociais
análisesque
associamo consumo
comgastos inúteis e
compulsivos,
estimuladosa todo
momentopelos
meiosde
comunicaçãode
massa.”