Setembro_2001 - page 76

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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2001
rececomoosubstitutodoprofessor
e da sala-de-aula. No corpo docen-
tede todaaescola, de todaa facul-
dade, encontramos professores,
educadores preocupados em ante-
cipar o seu tempo. Emminoria, em
algumasdelas, eemmaior número,
em outras. É o desenvolvimento do
senso crítico que buscamos nesta
Universidade, pela via das tutorias,
pela orientação pré-vestibular, pela
orientação dos professores –– dis-
semina-sea idéiadequeauniversi-
dade não é um lugar onde o jovem
somente viabilizao seuprojetopro-
fissional. Numa universidade públi-
ca, como a USP, surge, às vezes,
um outro extremo, que é só pensar
no projeto de cidadania, colocando
um segundo plano o projeto profis-
sional. Encontramos jovensqueop-
tam por outra via como, por exem-
plo, umacarreirapolítica, porenten-
der que a sua vocação é servir à
sociedadepelaviadospartidos.Nas
esferas municipal, estadual e fede-
ral encontramos inúmerosegressos
destaUniversidade ocupando posi-
ções de destaque.
JR–OSr. faloudeumacoisaque
consideroestimulante:oconví-
viocomadiversidade.Mascon-
tinuotendodificuldadeparaver
esse modelo funcionando na
prática. Até agora, onosso sis-
temadeensino – especialmen-
teobásico – não conduz aessa
diversidade.Narealidade,exis-
tem certas concentrações que
chamaria – em termos de
marketing – de socioeconô-
micas, emrelaçãoaosalunos. O
Sr. concorda?
JM–Emparte.Tenhoquemebasear
nauniversidadequeconheçomelhor,
queéaUSP,mas istoseaplicaaou-
tras instituições. A universidade, en-
tendidacomo instituição,caracteriza-
secomoumencontrode tempos, de
geraçõese culturas.Mesmoemes-
colas isoladas, esses encontros
ocorremmas, talvez, semamesma
intensidadedeumauniversidade tão
diversificada quanto esta. Temos
aqui, deum lado, osdepartamentos
deFísicaoudeAstrofísica, quepen-
sam o mundo dentro da sua visão
universal,ouseja,de12a14bilhões
de anos. Os astrofísicos procuram
a origem e o destino do universo.
Elesprocuramcompreender, nãosó
osistemasolar,masoutrossistemas
solares que podem existir. No outro
extremo, vamos encontrar colegas
da área de Comunicação – lidando
com a televisão, cujo tempo émedi-
do em segundos, induzindo ao
imediatismo.
JR – O Sr. está falando dos pro-
fessores?
JM – Estou falando de áreas do co-
nhecimento humano. Isso inclui alu-
noseprofessoresdeMeteorologiaou
deAntropologia.OsalunosdeAntro-
pologia trabalham numa escala de
milhões de anos. Os alunos de Le-
tras, deGrego, deLatim, pensamem
milênios. Alunos de Contabilidade
priorizamoano fiscal queédedoze
meses. O futuro médico trabalha
numaescalaquecorrespondeàvida
do ser humano. Pode pensar numa
geração antes e numa geração de-
pois,maso tempodomédicoéo tem-
po de uma vida. Aí temos diversida-
de de tempos. A diversidade de ge-
rações decorre da universidade que
cuida da creche até a universidade
aberta à terceira idade. Os alunos
de terceira idade têmaulas juntocom
os alunos de graduação. Salas de
graduação têm uma presença que
pode variar de 5 a 10 alunos de ter-
ceira idade.Oencontrodegerações
valoriza a diversidade. Temos cerca
de2.100 inscritos noprojetoUniver-
sidadeAbertaàTerceira Idade,numa
instituiçãoquecontacom25.000alu-
nos de graduação. Isto representa
quase 10%.
JR – Qual é a faixa etária desse
grupo?
JM – Começa aos 60 e vai até 85
anos aproximadamente. Eles convi-
vem comos jovens.Outra convivên-
cia ocorre na pós-graduação, onde
2/3 dos alunos são originários do
EstadodeSãoPauloe1/3deoutros
estados brasileiros e de outros paí-
ses. Em termos de classe socioeco-
nômica, 22% vêm de escolas públi-
cas e78%deescolas privadas. Nas
"Vejocom
preocupação, no
processo
educacional, a
valorizaçãodo
acessoà
informação
atravésdemeios
eletrônicos."
1...,66,67,68,69,70,71,72,73,74,75 77,78,79,80,81,82,83,84,85,86,...98
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