Setembro_2001 - page 78

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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2001
to e a divisão pelo número de alu-
nosnãoéconclusivaedificultauma
comparação instrutivaenecessária.
JR–Aoutraobservaçãodizres-
peitoaprofessores. Existehoje
uma tendência a dar ênfase à
titulação.Poroutro lado,existe
uma falta de sintonia entre a
obtençãodessatitulaçãoeare-
alidadeda sociedade, queo Sr.
disse ser tão importante. Essa
ênfase exagerada na titulação
nãoprejudicaexatamenteessa
buscadadiversidadequeoen-
sinodeveriadar,emespecialna
áreados cursos superiores?
JM – Escolas constituídas por um
corpo docente que provém da vida
prática, precisam de docentes com
mestradoparaassegurarasistema-
tização do conhecimento. O douto-
rado,ondeoprofessoréavaliadopor
uma banca, induz a pesquisa para
viabilizar o avanço do conhecimen-
to.Omestradosistematizaoconhe-
cimento existente; o doutorado sis-
tematiza a busca do conhecimento
novo.Cabevalorizarosautodidatas,
pessoas criativas que, por vezes,
nem terminaram seus primeiros ci-
clos de formação. Pela sua compe-
tência profissional, trazem algo de
estimulante e insubstituível para o
jovem.Noentanto, édifícil imaginar
que todoumcorpodocentepodeser
constituído por autodidatas ou pro-
fissionais de sucesso. NaUSP, não
temos só doutores e mestres. Nos
cursosprofissionalizantes,abrem-se
exceções, como na Escola de Co-
municações eArtes ou na Faculda-
de de Economia, Administração e
Contabilidade, para receber profes-
sores que vêm da vida prática tra-
zendo sua valiosa contribuição.
JJR–Mas–nasmedidasobjetivas
queoMECutiliza–oSr. teráme-
nospontosporcausadisso.Nossa
Escola,porexemplo,émuitoliga-
daaomercadodetrabalho,eessa
excessivaexigênciade titulação,
naminhaopinião, acababaixan-
doaqualidadedoensino.
JM–Mesmonessasáreas, emdisci-
plinasbásicascomoAntropologia,So-
ciologia,EconomiaouHistória,profes-
sorescomuma formaçãoacadêmica
avançada, com pós-graduação con-
cluída, podem contribuir para elevar
onível deensino.
JR – Nessas avaliações, tantodos
"Provões"comoda
RevistaPlayboy
aUSPacaba sempre faturandoos
primeiros lugares. O que é que
vocêsvêmfazendodecerto?
JM–Primeiro, associandosempreo
ensino à pesquisa. Em segundo lu-
gar, assegurando ao professor uma
opção para a carreira acadêmica,
como um projeto de vida. Isso não
quer dizer queelenãopode, ounão
deve, viver apráticae ter apossibili-
dadede lidar com omundo real. Ele
decideabraçar acarreiraacadêmica
comoumprojetodevida.Oestudan-
teentãopercebe rapidamentequan-
do o professor não é somente um
horista, mas faz parte de uma insti-
tuição comumpassado, umpresen-
teeum futuro. Oméritodeumaboa
instituiçãodeveser repartidoentreos
seus professores, à sua infra-estru-
tura, ao seu corpo funcional, e tam-
bém à qualidade do seu corpo dis-
cente, que é escolhido pelo mérito.
São escolhidos pela FUVEST bons
alunos. Eles se sentem imbuídos de
uma identidadequeosapoiaao lon-
go de toda a sua vida. O processo
seletivoé importanteparaassegurar
uma adesão do aluno à instituição
que ele integra.Além disso cabe re-
gistrar as atividades de pós-gradua-
çãoedeextensãoquebeneficiama
qualidade do ensino de graduação
recebido pelos alunos.
JR–Nãoémuitocaroparaasoci-
edade que, para ter um cidadão
contribuindoeconomicamente,ele,
queestudava12anos,passoua ter
"A simples soma
doorçamentoea
divisãopelo
númerodealunos
nãoéconclusivae
dificultauma
comparação
instrutivae
necessária."
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