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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2001
riente. Penso que as próprias em-
presas estão começando a reco-
nhecer que uma idademédiamui-
to baixa pode aumentar a capaci-
dade inovadora, mas reduz a leal-
dadee, por decorrência, aestabili-
dade da empresa. O jovem traz
com ele a contribuição da respos-
ta às mudanças, mas não a expe-
riência.Oencontrodosmaisvelhos
comosmais jovens, cria, dentroda
empresa, uma saudável comple-
mentaridade. As empresas, mais
cedo ou mais tarde, começarão a
perceber isto, como já aconteceu
em relação aos produtos étnicos,
quando tiveramdecontratar negros
para trabalhar em empresas de hi-
giene e alimentação, e assim co-
nhecer os hábitos daquele seg-
mento étnico-social. De nada adi-
antaquerer pessoas vindas deou-
tras camadas sociais para servir a
outras que não conhecem. A pes-
quisa de mercado tem as suas li-
mitações. Está acontecendo o
mesmocomonichodemercadode
terceira idade, que se torna ex-
pressivo. É preciso saber o que
esse consumidor quer, como quer,
quais são os seus hábitos e quais
são as suas necessidades.
JR –Avisãodemarketing trata
isso como "oportunidade de
mercado". Aliás, entrevistei o
presidentedaPhilips,eeledis-
se: "Ah! Estamos tentando cri-
ar aparelhos cada vez mais
amigáveis".
Professor, temosuma tradição,
nessa entrevista – que é lida
por alunos e professores – de
pedir a pessoas sábias que já
adquiriram bastante conheci-
mento – e, alémdisso,militam
nesse setor – se têm algum
conselhoou sugestão?Oqueo
Sr. diriaaos alunos da ESPM?
JM – Em primeiro lugar,
que a ansiedade do jo-
vemem relaçãoao futu-
ro é saudável e previsí-
vel. Todas as gerações
viveramessamesmaan-
siedade, antes de se re-
alizar, deseafirmar ede
se inserir na sociedade.
Isso é típico de uma ge-
raçãoque temmuita ca-
pacidade inovadora e
criativa, mas que ainda
nãoacumulou experiên-
cia. Oqueeu recomen-
dariaéque, naescola, o
jovem possa usufruir da
diversidadedosconheci-
mentos oferecidos – na
ESPM, onde são ofere-
cidasdisciplinasdeciên-
cias sociais, disciplinas
básicas que, muitas ve-
zes, o jovemmenospre-
za porque entende que
as aplicadas são aque-
lasquevão inseri-lomais
rapidamente no merca-
do de trabalho. O que
insereum jovemnomer-
cadode trabalhoéacla-
reza de um projeto de
vida e a qualidade da
sua reflexão. E issopro-
vém da boa leitura e do
acesso à informação de
qualidade.Euvejoos jo-
vens,muitasvezes,me-
nosprezarem a leitura e
aboa leitura.Maselade-
senvolveumacapacida-
de estruturante de refle-
xão. E, com isso, disci-
plina o raciocínio, a cla-
reza do projeto de vida,
a capacidade de trans-
formar sonhosemproje-
tos, projetos em resulta-
dos. Todo jovem que
possuir um diploma de
ensinosuperior, foi esco-
lhido para cumprir uma