Painel
Cannes 2006
61
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2006 – R E V I S T A D A E S P M
responsável juntocomoutrasagências
–emparceria–pelacomunicaçãototal
deumcliente.Eoprincipalérealmente
envolveroconsumidornocontexto.
Em relaçãoàverba, nãoacreditoque
a Argentina tenha mais dinheiro do
que o Brasil para desenvolver o que
vem desenvolvendo. Não consigo
imaginar mercado mais pressionado
doqueonorte-americano, buscando
retorno de investimento. Estamos
presos por todos os lados, mas cabe
a nós e aos nossos clientes avaliar o
queestáacontecendo.E teracoragem
paramudar.
Sobreosnossos resultados, noCyber,
concordo que poderiam ter sido
melhores. Acredito que precisamos
amadurecermais,paranãodepender
de peças interessantes, mas de uma
amarração melhor, um contexto de
comunicação que não dependa de
umapeçaoudeoutra,masdeumen-
volvimentoquepassapelomarketing
direto, pelofilme naTV, pelo rádio...
Quandovocêvêumapeçacomoessa
doGTI,queganhouoGrandPrixcom
uma força de filme – porque o filme
mostradovaiparaaTVouporque isso
sedesdobraemcinemaeoutrascoisas
–, a formade fazer acomunicação se
tornamuito poderosa. E se o critério
for interatividade,começa-seaperce-
ber que o envolvimento com as pes-
soasérealmente incomparável.Oque
envolveavidadaspessoaséque faza
diferença. Énoqueeuacredito.
RUY
LINDENBERG
LeoBurnett
JuradodePress
de 2006 e poder presenciar algumas
coisas acontecendona vida de quem
trabalhanodia-a-diadessenegócio.
Se vocês acham que a comunicação
está mudando, imaginem o que é
trabalhar com interatividadenomeio
desse turbilhão. Cyber é ummeio
em que todos os outros meios se
manifestam.Asnossascampanhasnão
estão demonstrando isso. Acho que
precisamos evoluir e contribuir com
aculturadeconsumonodia-a-diado
nossopaíse,nessepapel, temosdeen-
volveroconsumidorecriarcondições
para que os produtos e marcas que
representamos e vendemos possam
envolver as pessoas em algo muito
maisricodoqueapenas:“vocêprecisa
comprar isso ou aquilo porque tira
manchasou faz issoouaquilo”.
Precisamos envolver as pessoas num
contexto mais participativo, mais
envolvente.Quandoobservamos um
case comooque aAdrianamostrou,
que ganhou o Grand Prix de Inter-
net, várias pessoas me perguntaram
“como um filme ganha um Grand
Prix de Internet, onde está o click?”
Partindo desse pressuposto, vamos
começar a falar de tecnologia, e não
de criação. É uma grande bobagem.
Se imaginarmos que nos EUA talvez
o segundo maior símbolo de poder
sejaaqueleavião (AirForce1),alguém
que consegue criar por meio de um
mecanismosimplesumenvolvimento
tamanhonavidadaspessoas,aponto
de a Casa Branca ter de se explicar,
estamos falando em desenvolver
uma relação com o consumidor que
émais abrangente emais envolvente
do que, necessariamente, três ou
trinta segundos. Ou que uma men-
sagemde impacto emque se temde
gastarumaquantiaenormeemmídia
para gerar resultado. Esperoquepos-
samos repensar aqui o que estamos
fazendo. Equando falode“nós”, falo
declientes também.Nósclientes,nós
agências, somos responsáveis não só
pela qualidade,mas pelos resultados
e, principalmente, pela cultura que
vamoscriarparaospróximosdezanos
depropagandanopaís.
Voltando para Cannes, compartilhei
experiências com 20 pessoas de cul-
turasematuridadescompletamentedi-
ferentes,analisandopontosdevistade
criaçãoeograudeenvolvimentoque
essa criação temna vidadas pessoas.
Quando se fala em interatividade as
pessoaspensam:“ah,passaromousee
acontecealgumacoisa...”.Masaintera-
tividadequeoStill Free–vencedordo
GPdeCyberLions–criounavidadas
pessoasmobilizouosprincipaisveícu-
losnorte-americanosdecomunicação.
VemosaCrispinPorterdesenvolvendo,
criando fatos – como criaram uma
banda chamadaCockRock (a cadeia
de lanchonetes fast-foodBurguerKing
colocounoarumcomercialcomuma
banda chamadaCock Rock, formada
por galinhas mascaradas), que é o
nome de um sanduíche, e vão criar
agora um filme para o Burger King
emquea remuneraçãodaagênciaéa
participaçãonoslucrosdebilheteriado
filme.Então,estamosfalandoderepen-
sarumaforma,semauto-referência.Se
vamos continuar a fazer as coisasque
estamosfazendoaqui,baseadosnoque
vimosnoanopassado,sóvamosrepetir
os erros.Oprojetoagoraébuscar nas
nossas histórias, na riqueza da nossa
sociedade, das nossas relações, con-
textos depublicidadeque, realmente,
venhamainfluenciarnapercepçãodas
pessoas. E elas vão atribuir um valor
a isso. Particularmente, eu acredito
nisso.Trabalhamosnumaagênciaqueé