Painel
Cannes 2006
63
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2006 – R E V I S T A D A E S P M
SIDNEY
RIBEIRO
Fábrica
Comunicação
Integrada
Falaram muitas coisas boas aqui,
mas o que eu acho é que o Festival
deCannesmudou.Hápoucos anos
os publicitários do mundo inteiro
iam para Cannes para assistir aos
filmes e participar da entrega de
prêmios. Agora, o festival transfor-
mou-senum fórumdecomunicação
mundial onde há debates, work-
shops e os clientes estão presentes
e discutem-se coisas importantís-
simas. E Cannes mudou por que a
comunicação mudou. Hoje temos
novasmídias, a tecnologiaeonovo
consumidor–que lê jornalde forma
que não lia antes, ouve rádio como
não ouvia antes, entra na internet,
estámais ativo. É importanteque se
conheçaesseconsumidor.Hojenão
é mais o consumidor que vai atrás
damarca, éamarcaquevai atrásdo
consumidor.Eseoconsumidor,esse
juradoqueestáemCannesvai julgar
deuma formadiferente também. Ele
está querendo ver uma idéia que
mudeo comportamentodesse con-
sumidor, senãonãoéumaboa idéia.
Eleestáquerendoveruma idéiaque
não somente venda,mas uma idéia
que entenda o consumidor.
Parece-me, assim, quea idéiaéque
vai determinar quais são os canais,
qual omixdecomunicaçãoquevai
serescolhido.A idéiavemprimeiro.
Eoquevínhamos fazendoatéagora
é exatamente o contrário.As coisas
mudaram. O Festival de Cannes
mudou e nós temos que mudar
também.
ISABEL
BORBA
JornalOEstado
deS. Paulo
Acho que outros mercados tratam
Cannes commais comprometimento.
Vocês disseram uma coisa comum a
todos: idéia, a valorização da idéia,
emoção, tudo que foi aplaudido lá
tocou a emoção das pessoas, seja do
consumidor, sejados jurados.
Do ano passado para cá houve uma
mudançaincrível.Cannestornou-seum
Fórumde Integração eComunicação.
Discordo do Jader, porque vi anun-
cianteslá.Assimcomotambémvimais
mídias,atendimentoeplanejamentodo
quenoanopassado.Eatéquepontoa
arrogância inconsciente dos criativos
brasileirosdeixa,afastaomercadoeim-
pedeamelhor qualidadedo trabalho?
E,em relaçãoàmudançanasagências
eu lembrei daquela história do sapo,
que, se entra na água fervendo, pula
fora rapidinho. Mas se entra em uma
panela com água fria, e a água vai se
aquecendo, ele morre porque não
percebeenãoconseguereagir.Noano
passadooBrasilfoiterceironacategoria
geral, e esse ano fomos o sexto, atrás
de Estados Unidos, Inglaterra, Nova
Zelândia,Austrália,ÁfricadoSul.
EMMANUEL
PUBLIODIAS
ESPM
Vou a Cannes desde 1988, na época
que era o festival de filmes mesmo,
projetadoem35mm.Durantegrande
parte da década de 90 o Brasil não
existia, era um país de là-bas, uma
coisa exotique, porque o Festival era
Francês. Nãoque oBrasil fossemal
visto. E o Brasil de vez em quando
ganhava e era muito engraçado o
Brasil ganhar,masnãoerapara jogar.
De meados da década de 90 para
cá o Brasil começa, efetivamente, a
participar do jogo. No Festival desse
ano, uma agência brasileira (Africa)
patrocinava o evento junto com a
Microsoft.AFilmBrasilestava lá,com
umas 40produtoras.Havia veículos,
anunciantes... nós agora jogamos o
jogo. Isso faz uma diferença funda-
mental. O Festival é
big business
. A
exibição das peças, a disputa pelos
Leões, tudo isso funciona mais ou
menoscomoosdesfilesdoSãoPaulo
FashionWeekoudoSalãodeMilão.
Hoje vai-se a Cannes para ganhar
dinheiro.EprofissionaisvãoaCannes
para aprender, para participar, para
ter uma visão de internacionalidade
na nossa profissão que é impossível
ter noBrasil. Boa parte donosso fra-
cassoéque faltaàmaioriadosnossos
publicitários essa visão, esse olhar
internacional. Emminha opinião, a
participação do Brasil não era nada,
e hoje o Brasil é um
player
de
busi-
ness
emCannes – isso eu acho uma
grandeevolução.
MARCELO
QUEIROZ
Jornal Propaganda
&Marketing
Acho que esta foi uma ótima opor-
tunidade. Nossomercado está ainda
precisandodessasdiscussões.Queria
agradecer apresençade todos.
ES
PM