entrevista | Fabio Coelho
Revista da ESPM
| setembro/outubrode 2013
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Alexandre
— De que modo os serviços
fazem parte do negócio, e do marketing,
do Google?
Fabio
— A nossa missão é organizar
a informação existente e tornar essa
informação acessível e disponível.
Agora, imagine isso feito de uma ma-
neira extremamente escalável. Com
essa “escalabilidade”, conseguimos
gerar uma base muito grande de usu-
ários. Como o Google é uma empresa
de tecnologia, trabalhamos para
conectar quem está atrás de alguma
coisa a quem está oferecendo tal coi-
sa — seja entretenimento, comércio,
educação ou cultura. Em resumo, na
maneira mais ampla, informação.
Alexandre
— Quando era CEO, Eric
Schmidt dizia: “OGoogle é uma empresa
de publicidade”.
Fabio
—Não é exatamente publicidade.
Alexandre
— Isso é uma declaração
pública textual.
Fabio
—
Advertising company
não
é a mesma coisa que empresa de
publicidade. O Google não é uma
empresa de mídia. Não temos uma
pessoa que produza conteúdo aqui.
O que temos são engenheiros que
trabalhamemsoluções de tecnologia
de comunicação, mas também de
tecnologia de comércio. Esse concei-
to das caixinhas separadas começa
a ficar difuso. Há uma dissolução das
fronteiras entre quemproduz e quem
consome. O Google é, na sua essên-
cia, uma empresa de tecnologia, de
soluções altamente escaláveis, que
são plataformas de gestão de infor-
mação. Essa é a melhor definição da
companhia.
Alexandre
—
Advertising company
,
porque a receita vem de uma plataforma
para anunciantes.
Fabio
— Uma plataforma para usuá-
rios. Empresas podem vir a se bene-
ficiar disso ao tentar se comunicar
com esses usuários, mas não neces-
sariamente. Temos plataformas sem
anunciante. OGoogle+ é assim. Temos
soluções de tecnologia que não depen-
dem de monetização. O foco principal
é criar ecossistemas. Criar o ambiente,
que é a plataforma de tecnologia. Se
isso depois vira uma oportunidade de
monetização para nossos parceiros, e
indiretamente para o Google, é uma
segunda discussão.
Alexandre
— Você pode dar um exem-
plo disso na prática?
Fabio
— Temos mais de 150 mil produ-
tores de conteúdo audiovisual que são
parceiros do Google no Brasil. Estou
falando do YouTube, que foi concebido
como uma plataforma para que as
pessoas pudessem acessar vídeos ge-
rados pelo usuário. Ele não tinha como
propósito ser uma companhia que
ganha dinheiro. Era uma plataforma
de conteúdo gerado pelos internau-
tas. Naturalmente, à medida que vai
evoluindo, os usuários passam a fazer
vídeos melhores. Agora, começa a ter
ali conteúdo de alta qualidade feito
especificamente para aweb. Mas o que
tem de poder aí é aquele um bilhão de
usuários ali dentro.
Alexandre
— Isso é complexo. Serviços
a consumidores, anunciantes, produtores
de conteúdo...
Fabio
— A questão é ter um relacio-
namento com parceiros e, ao mesmo
tempo, olhar para o usuário final. Não
é muito diferente de outras empresas.
OGoogle temumamaneira própria de
encarar isso. Tanto que ganhamos o
prêmiodeempresaquemais respeitao
consumidor em2011 e em2012.
Alexandre
— Por que você acha que o
Google é reconhecido dessemodo?
Fabio
— Porque nosso modelo de ser-
viço transfere ao cliente o poder de
resolver problemas.
Alexandre
—De que forma?
Fabio
— O usuário pode fazer a auto-
gestão das suas campanhas, enquanto
a pequena empresa tem o poder de
entender seu perfil no ambiente digi-
tal. Nossa proposta é trabalhar com as
empresas — pequenas, médias e gran-
des — para que elas entendam como
participam desse ambiente. Aí, elas
podem gerenciar sua presença, sua
reputação, seu nível de investimento,
além de falar com determinados gru-
pos de usuários interessados em seus
serviços. É ummodelo novo. Não é um
modelo tradicional.
Alexandre
— É um conceito novo de
prestação de serviços.
Quando um consumidor decide comprar alguma
coisa, de 50%a 70%das escolhas passampor um
processo de consulta na web, no nosso buscador,
no YouTube ou emqualquer plataforma digital