setembro/outubrode2013|
RevistadaESPM
115
e mais anúncios, mas não, necessaria-
mente, com os
players
que estão aí.
Fabio
— Essa reinvenção afeta todo
e qualquer agente de intermediação.
Vou dar dois exemplos, totalmente
díspares entre si. Umdeles é a bolsa de
valores. O papel da corretagem entre
quem busca investir e quem busca se
financiar foi alterado dramaticamente
nos últimos 15 anos e vai mudar mais
ainda. Em1988, lembrode ir àBovespa
e ver as negociações feitas no pregão.
Hoje, a bolsa de valores temuma nego-
ciação totalmente eletrônica. O mes-
mo acontece com o professor. Até ago-
ra, ele era aquela pessoa que transferia
conhecimento de maneira linear e
unidirecional. Com as plataformas de
tecnologia, o professor assume o papel
de curador e gestor de conhecimento.
Alexandre
— A visão de futuro de vocês
não é, em si própria, o marketing do
Google?
Fabio
— É, mas você está colocando
palavras naminha boca.
Alexandre
— Não, eu só acho que você
é reativo à ideia de que isso também é
marketing.
Fabio
— Não posso ser reativo a uma
área na qual trabalhei por 15 anos.
Tudo isso é tão natural e intrínseco
à filosofia do Google e à maneira
como a gente trabalha, que eu não
vejo isso como marketing. Vou lhe
devolver a pergunta: defina você o
que é marketing.
Alexandre
—
Não sou bom o bastante
em marketing para propor uma defini-
ção. Mas posso lhe dar um exemplo con-
creto do que quero dizer. Vocês lideram
o ranking das melhores empresas onde
se trabalhar no Brasil há uns quatro
ou cinco anos. Não acho que o Google
busca ser um lugar excelente onde se
trabalhar, apenas para aparecer. Mas,
ao aparecer no topo da lista, vocês estão
fazendo um
statement
ao mercado.
Fabio
— Para mim, é uma ferramenta
de diferenciação, que é usada, natural-
mente, por ser um valor intrínseco ao
DNA da companhia. Este é omeu pon-
to. Tudo isso que estamos falando aqui
pode ser ferramenta de comunicação.
Ou, melhor dizendo, de diferenciação,
porque falamos pouquíssimodisso.
Alexandre
— Mas essa é a ideia. Ao
ser, você não precisa dizer.
Fabio
— Perfeito, mas isso é uma es-
tratégia de marketing ou isso é uma
crença corporativa? É uma estratégia
corporativa, fundamentada em princí-
pios de generosidade, na crença de que
você tem de atrair talentos e precisa
construir produtos excelentes. Não é
uma estratégia de marketing. Este é o
meu ponto. Se fosse uma estratégia de
marketing, depois de aparecer na lista,
iríamos comunicar. Mas não fazemos
isso [
cria o melhor ambiente de trabalho
possível
] porque é relevante para a
marca, e simporque é relevante para a
empresa. Há uma crença de que, para
construir essas plataformas tecnoló-
gicas de altíssima qualidade e poder
levar essa mensagem ao mercado,
você precisa, primeiro, ter excelência
no design dessas soluções. Depois, ter
uma abordagem consultiva para seus
parceiros de negócios, que é como se
leva issopara dentrode cada setor.
Alexandre
— O que significa que
vocês precisam atrair gente de ponta.
Fabio
— Em uma empresa de soluções
escaláveis, você precisa ter pouca
gente, altamente preparada e estimu-
lada. Para ter essas poucas pessoas, a
empresa precisa criar um ambiente
mais atraente.
Alexandre
— Ser o melhor lugar onde
se trabalhar seria consequência disso.
Fabio
— Isso acaba se traduzindo
numa filosofia que se retroalimenta.
Gente de alta qualidade e alto enga-
jamento, dentro de uma filosofia de
trabalho que vai além de comunica-
ção e comércio. Tem um propósito
por trás disso: criar soluções que
podem transformar a sociedade.
Desde o curto prazo, com as solu-
ções que a tecnologia traz para o
mundo de hoje, até a tentativa de
resolver problemas maiores, como
essa empresa que acaba de ser anun-
ciada — a Calico [
companhia associa-
da ao Google que tem como objetivo
solucionar os desafios relacionados ao
envelhecimento
]. Esse propósito se
retroalimenta e acaba criando um
employer branding
muito forte. Mas
o
employer branding
é consequência,
não é a razão.
Emuma empresa de soluções escaláveis,
você precisa ter pouca gente, altamente preparada
e estimulada. Para ter essas poucas pessoas, a
empresa precisa criar um ambiente mais atraente
