teoria
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Revista da ESPM
| setembro/outubrode 2013
Pedro Carlos Junior, da Universidade de Brasília, apre-
sentaram um artigo sobre o estado da arte no tema de
inovação em serviços que contivessem pesquisa empí-
rica sobre o assunto. Os autores encontraram apenas
53 artigos nas mais importantes bases de pesquisa da
área, produzidos entre janeiro de 2005 e maio de 2010.
Segundoeles, amaioriadesses textos, quandose refereao
conceito de inovação, adota a perspectiva do paradigma
tecnológico-econômico de G. Dosi — descrita em
Tech-
nological paradigms and technological trajectories
(Rese-
arch Policy, 1982). Já no quesito inovação em serviços,
seguem a lógica contingencial de J. Sundbo e F. Gallouj,
proposta em 1998.
As razões para a pouca atenção dada à prática da ino-
vação pelo setor de serviços, tanto no ambiente acadê-
mico quantonomundo empresarial, são explicadas pelo
fatode que os serviços eramvistos como umapêndice da
manufatura, umsetor residual, de baixa produtividade,
não intensivo de capital, combaixo nível de qualificação
de seus colaboradores ou ainda considerado pouco ino-
vador. Essa é a teoria presente emdois artigos deGallouj
e Sundbo:
Innovation in services
(SI4S Synthesis Paper)
e
Innovation as a loosely coupled system in services
(SI4S
Topical Paper), ambos escritos em 1998.
Essa visão está enraizada nos primórdios da Revolu-
ção Industrial, no fascínio por produtos tangíveis e no
desenvolvimentode tecnologias, bemcomona ideia cen-
tral de que os serviços não têm “valor tangível”, como
apontam S.L. Vargo e R.F. Lusch, no texto
Evolving to a
new dominant logic for marketing
, publicado no
Journal
of Marketing
, em 2004.
O início dos estudos das teorias de inovação de ser-
viços teve, provavelmente, o desenvolvimento tecnoló-
gico como o seu principal condutor. Vargas e P.A. Zawis-
lak explicam que o modelo de Barras, de 1986, de ciclo
de inovação reversa é tido por muitos como a primeira
teoria focada, especificamente, nos serviços. No artigo
Inovação em serviços no paradigma da economia do apren-
dizado: a pertinência de uma dimensão espacial na aborda-
gem dos sistemas de inovação
(RAC, 2006), eles afirmam
que, no setor de serviços, o ciclo de inovação assume a
forma que é o inverso do tradicional ciclo industrial: a
inovação antecede o processo de inovação dos produ-
tos. Empresas de serviços adotam novas tecnologias
desenvolvidas pela indústria transformadora, a fim de
aumentar a eficiência dos seus processos e, mais tarde,
a qualidade do serviço. Na fase final, serviços de produ-
tos totalmente novos são desenvolvidos.
Em 2006, quando M. Toivonen e T. Tuominen desen-
volveram o
paper Emergence of innovations in services:
theoretical discussion and two case studies
, notaram a
ausência de modelos específicos de desenvolvimento
de novos serviços e estruturas formais de pesquisa.
Lentamente, as empresas de serviços têm procurado
ummodelo organizacional diferente daquele adaptado
do modelo industrial.
O tema inovação em serviços tem
evoluído de tal forma que um
novo campo de estudo está sendo
proposto:
service science
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