Revista ESPM - março/abril 2002 - page 72

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Revista da ESPM – Março/Abril de 2002
exemplo, o futebol italiano não tem
expressão há muitos anos. Na ver-
dade, no futebol europeu, a
hegemonia migra de um país para o
outro, de acordo com os times.
JR – De fato, esses times têm
jogadores do mundo inteiro.
AN – Do mundo inteiro; não só bra-
sileiros. O Roberto Carlos, por exem-
plo. Eu não o vejo jogar bem na se-
leção há pelo menos uns 4 ou 5
anos. Mas ele é titular absoluto. O
Rivaldo é titular absoluto. Por quê?
Porque joga na Europa e nós conti-
nuamos colonizados pelo futebol eu-
ropeu. Continuamos achando que o
que eles dizem, o que eles fazem é
mais importante. Tanto que o Italia-
no é apresentado como o melhor
campeonato do mundo e não é. Até
porque o campeonato mais interes-
sante que se disputa no mundo é o
inglês, por característica de competi-
ção, pela paixão popular, e depois, o
brasileiro, que mesmo desorganiza-
do, pela qualidade, pelo talento de
seus jogadores, é um campeonato
muito interessante. Nos fins de sema-
na, você não perde tempo se for ao
estádio ou ligar a televisão, porque
vai ver um grande
show
. É muito cô-
modo para o treinador dizer: “Bom,
o Rivaldo custa tantos milhões e joga
no Barcelona; o Roberto Carlos ga-
nha não sei quantos milhões – já foi
eleito o segundo melhor jogador do
mundo, e o Rivaldo o melhor joga-
dor do mundo. Então, são esses dois
que eu convoco”.
JR – Não há a pressão de
patrocinadores, nessa questão?
AN – Nunca tive uma opinião muito
concreta sobre esse tipo de influên-
cia. Mas não descartaria isso. Vamos
ficar no plano das especulações. O
Djalminha estava fora da seleção há
muito tempo. Fizeram uma ou duas
experiências com ele, não deram
certo e o afastaram. De repente, con-
vocaram o Djalminha. Como ele é um
“Raramente, você
vai ver umcartola
que não seja
corrupto.””
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