Revista da ESPM – Janeiro/Fevereiro de 2003
70
Participantes
CelsoForster
ESPM
DainaRuttul Godinho
Ipsos-Marplan
FranciscoGracioso
ESPM
Francisco JosédeToledo
Toledo&AssociadosPesquisade
Mercado eOpiniãoPública
Jaime Troiano
TroianoConsultoria deMarca
PauloSecches
InterScience
J. RobertoWhitakerPenteado
Moderador
Participar de umamesa-redonda
sobre pesquisa demercado foi uma
experiência estimulante e – por
incrível que possa parecer –
saudosista. As minhas primeiras
experiências pessoais, profissionais,
com omarketing foram, justamente,
compesquisa–no iniciodosanos60.
Era um tempo complicado. Não
havia mapas confiáveis para as
principais cidades brasileiras, nem
mesmoRioeSãoPaulo. Entrevistas
pelo telefone, só se a sua amostra
fosse exclusivamente deClasseAe
– assimmesmo – corriam-se riscos,
pois a Classe A não falava – como
não fala–ao telefonecomestranhos.
O jeitoera instruiroentrevistadorpara
ir batendo em cada terceira casa –
ou apartamento – e tratar de fazer a
entrevistadequalquer jeito.Erao tipo
deamostra randômicadaépoca.
Redigir um questionário era
tarefa para sábios. Só os profundos
conhecedores da natureza humana
brasileira, como Alfredo Carmo ou
Octavio da Costa Eduardo, eram
capazes de criar perguntas que não
estimulassem respostasprontas,pois
– entre outras coisas – os
consumidoresbrasileirosdetestavam
desagradar o entrevistador. Depois
dosquestionáriospreenchidos,vinha
a tabulação. A mão, mesmo, até
chegarem os cartões perfurados.
Depois era tudo transformado em
porcentagens. Precisava ser muito
bom gerente de produto – minha
primeira função–paradescobrirque
aquela tabelinha tãoprecisa,emque
67% eram usuários e 33% não,
baseava-se em apenas três
entrevistados...
Mudoumuito a pesquisa, como
mudou o marketing – e essas
reflexões surgem-me depois de
participar de umamesa de debates
com alguns dos nossos melhores
pesquisadores noBrasil de hoje, de
possequaseuniversalde telefonese
computadores quase inteligentes.
Mas só quase, pois – como o leitor
irá constatar, depois de ler esse de-
bate interessantee rico–oproblema
mais complicado, com seus clientes
modernos e globalizados, é lembrá-
losdeque,deambosos ladosdopro-
cessodepesquisa,oqueaindaexis-
teégente.
J.RobertoWhitakerPenteado