Janeiro_2003 - page 92

RevistadaESPM– Janeiro/Fevereirode 2003
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CM –Concordo. Poderia haver uma
senha…
JR – Tecnologicamente, é uma
possibilidade. Isso abriria uma
possibilidade fantástica:depoisde
eleito presidente, governador,
prefeito e, principalmente, depu-
tado e senador, se não estivesse
fazendo as coisas de acordo com
a vontade de seu eleitor – e
houvesse essa redede consulta –
por que não consultar, então, se
deveriacontinuarounão?
CM–Achoqueaspesquisasajudam
muito os governos, nas prioridades,
nas preferências. É moderno, é
corretogovernardeacordocomoque
a opinião pública deseja. Então, é
importante a utilização de pesquisas
para definir prioridades. Mas ainda
tenho medo. Mesmo que o Brasil
estejadandoum
show
develocidade,
maturidade etc., o nosso sistema
políticoaindaémuito frágil.Umadas
reformas mais importantes que o
Brasil precisa é a política, porque o
fundamento da política são os
partidos. Eles são os pilares da
democracia e, no Brasil, são muito
frágeis.Aspessoasvotamnosnomes
enãonospartidos.Evocêprecisade
fidelidade partidária, precisa diminuir
o número dos partidos, porque hoje
há muitos “partidos-laranjas”. É
precisomelhorar, redimensionar–ou
acabar,mesmo– comapropaganda
eleitoral gratuitana televisão, queme
parece ainda um entulho da
democracia.Tudoqueéobrigatórioé
ruim.Epor quenãopensar no fimdo
votoobrigatório?
JR–Já fizeramalgumasimulação
de qual teria sido o resultado da
eleição se o voto não fosse
obrigatório. É possível esse
estudo?
CM – É possível, mas não fizemos.
Junto com a intenção de voto do
eleitor, teríamos de perguntar se ele
votariasenão fosseobrigatório.Nota-
se, às vezes, pela abstenção – hoje
os cadastros do TSE, do IBGE são
bemmelhores – e a quantidade de
votos brancos e nulos em cada
eleição. Há lugares em que 35% a
40% de pessoas aptas a votar não
votam. Alguns partidos temem o fim
do voto obrigatório, achando que
pessoas de menor poder aquisitivo
não votariam. Ficaria mais para as
pessoas qualificadas, mais forma-
dorasdeopinião.Achoque issodaria
vantagem aos partidos de esquerda.
Sinceramente, achoqueagente tem
que, primeiro, fazer uma reforma
políticaparadefiniroitooudezpartidos
que é o que “cabe” no Brasil.
Fortalecer esses partidos, o voto
proporcional distrital misto –
fundamental. Alguns representando
regiões, outros o Estado todo, mas
principalmente a fidelidade parti-
dária. É ruim, no Brasil, isso de a
pessoa arranjarumproblema,dentro
do partido, e não brigar por suas
idéias.Sai,simplesmente, fundaoutro
partido ou afilia-se a outro. Nisso, os
EstadosUnidosestãoànossa frente
porque lá há brigas violentas dentro
dopartido, democratae republicano,
mas, a partir domomento em que o
resultadoéoficializado todos fecham
com ele. O Brasil está precisando
disso– fortalecer osseuspartidos.
JR – Outro dia, estava lendo uma
afirmação sua, de que, hoje, é
possível fazer pesquisas pelo
telefone.Soudeumaépocaemque
pesquisa telefônica não tinha
credibilidade pelo simples fato de
que80%dapopulaçãonão tinham
telefone.Qual éasituaçãohoje?
CM – Depois da privatização – nos
últimos3,4anos–a telefonia fixa teve
umaexpansãomuitograndeem todo
o Brasil – mas, principalmente, nas
regiões Sudeste e Sul. Tanto é que
adquirimospartedeumaempresaque
sechamaMQIdoParaná–Curitiba–
eque tem–através deum convênio
com a Embratel – um cadastro de
todosos telefones fixosnoBrasil.Há
regiõesemque70,80%dapopulação
já possui telefone convencional. Nós
já fizemos pesquisas – não só em
algunsEstadoscomoumaamostrado
Brasil – por telefone, e os resultados
aproximaram-se muito da pesquisa
f
acea face.Naspróximaseleiçõesde
2004 e 2006 já vamos usar mais o
telefone, podendo também confiar
maisnos resultados.
JR–Umaquestãodecuidadoscom
aamostragem...
CM–Representarbemoquestionário.
Apesquisa,hoje,nosEstadosUnidos
enaEuropa,é feitapelo telefone.Para
contraporaesseexemplodo telefone,
temos,aqui,namídia,apesquisamais
moderna do mundo, que é em
real
time
.E,quando iniciamos isso,hádez
anos, o Brasil era subdesen-volvido
em relaçãoa telefones.Apesquisade
audiência–noJapão,EstadosUnidos
e Europa – é feita usando a rede
“Apesquisa
políticaéaúnica
emquesepodem
comprovar os
resultados20
horasdepois.”
“Quantoà influência
dapesquisana
própriaeleição já
estáprovadoque é
zero. Oquedecide é
campanha,
comício.”
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