Janeiro_2003 - page 89

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RevistadaESPM– Janeiro/Fevereirode 2003
CM – Eu soube disso. Acho que
peguei sóo final dessa fasee foi por
contingências, entrei aqui por acaso.
Meupai teveumproblemadesaúde,
na época, eu estava cursando
engenharia e entrei para fazer um
estágio. Lá se vão 30 anos. Entrei e
gostei tanto, queparei meu cursode
engenharia e fui fazer um curso de
administração/economia.Masvender
pesquisa, naquela época, era muito
difícil.Aspessoasnãodavamvalor à
informação,comohoje.Chamavamo
IBOPEde “misériadourada”.Miséria
porque era uma empresa cheia de
problemas, com faltadedinheiro–às
vezes, até falta de credibilidade – e
douradapela forçadonome.Quando
entrei, tínhamos, realmente, muitos
problemas, problemas trabalhistas –
funcionários que não eram optantes
do FGTS e que se tornaram,
praticamente,donosdaempresa.Foi
um trabalhogrande.Meu irmãoentrou
logo depois e me ajudou muito.
Havíamos chegado à conclusão de
que, entre construir uma casa nova
ou reformar a antiga, era melhor
construir uma nova. Mas, no nosso
caso,estávamos impedidospela força
do nome IBOPE. “Então, vamos ter
que reformar a antiga” –
decidimos. Logo descobri-
mosque todoo legadoquase
que se resumia na força do
nome,que tinhacredibilidade,
seriedade, éticadaempresa
–equeonossonegócioera
principalmentepessoascom
credibilidade. Essa era a
matéria-primado IBOPE–as
pessoas que analisam, que
tabulam os dados. E come-
çamosa investirempessoas.
Mais adiante é que abrimos
o leque. Depois dessa
reforma concluída, fomos
atrás de pessoas reconhe-
cidas no mercado como o
PauloPinheiro,oCastelneau,
que tinham a AudiTV.
Fizemos questão que inte-
grassemoGrupoeaprende-
mos muito com eles. Nós
uníamosanossa juventudee
vontade de expandir com a
experiência que eles tinham, junto
com a domeu pai, pois ele voltara a
atuarnessaépoca,comoconselheiro.
Adécadade70 foideconsolidação.A
década de 80 foi para encontrar
profissionais de gabarito. No final de
80, início de 90, foi a nossa entrada
naAméricaLatina,medindoaudiência
e issoconsolidoudevezoGrupo.Mais
recentementeveiooMarangoni,para
a área de mercado. Também
conseguimos trazeraVeraFruccipara
dirigir a Millward Brown, que é mais
uma empresa do Grupo. Enfim,
conseguimos preservar as grandes
pessoas,comoaMárciaCavallari,que
dirigeaopiniãopública,oLuizAntonio
SilveiradaMotaque, juntocomopai,
desenvolveu o aparelho medidor de
audiênciadeTV.Creioqueosegredo
do IBOPEéumpouco isso– talentoe
trabalho
JR – Além dessas pessoas que
você mencionou, há o filho do
Homero IcazaSanchez...
CM–OHomero IcazaFilho,quecuida
demais deumaáreadedados. Tem
aAnaLúciaquecuidade todaaárea
demídia, o Flávio Ferrari e oCarlos
Ferrari, que são pessoas bem
conhecidas nessa área. Apesar de
controlara
holding
quecoordena tudo,
demos autonomia a eles, sempre
pensandoemcrescer.E, nessepaís,
com todososproblemasque temos–
a desvalorização do real
, mesmo
assim, estamos entre as 25maiores
empresas do mundo. Vocês, da
ESPM – que completou 50 anos –
sabem o que é uma empresa
brasileira sobreviver 50, 60 anos
nesse país confuso – vários regimes
etc. –écomplicado.
JR –Você deve ter ouvidoou lido
uma frasedoMillorFernandesque
diz o seguinte: “Os Institutos de
Pesquisacontinuamafazerassuas
pesquisas científicas, mas opovo
insiste em continuar votando
leigo”. Com essa ironia, o Millor
está verbalizando um preconceito
da nossa cultura, de que os
institutos, de alguma forma,
enganam,
influenciam
ou
manipulam. Existe quase que um
cultopopular dedesconfiança em
relação à pesquisa. Você deve ter
vivido isso, inclusive, aparecendo
na imprensa, sido questionado.
Como você vê a inserção de uma
instituiçãocientífica, que lidacom
estatística, uma ciência exata,
nessanossaculturabrasileira,que
rejeitaamatemática?
“Hojeemdiaé
difícil você colocar
asexpressões
"Brasil" ou
"brasileiro" na sua
marca.”
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