Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
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Asmarcas na encruzilhada
Mas, voltando ao significado do
que é consumo ou não, estou de
acordo com o René. Baseado na
minha vivência, aqui, eemoutros
países, que freqüentei e também
morei–obrasileiroéopovomais
consumista
do
mundo.
Consumimos de tudo e voraz-
mente. E o pior: isso tem reper-
cussãonapolíticaena corrupção
brasileiras. Nós consumimos tão
vorazmente, que consumimos a
notícia com uma velocidade
infernal. Consumimosuma vitória
daCopadoMundoemdoisdiase
–dezdiasdepois–ninguémquer
saberdemaisnada.Vi,em1970–
quando o Brasil foi tricampeão –
naAvenidaPaulista, como tudoé
falso,é forjado.Em trêsdias, tudo
passou. É por isso que há tanto
escândalo. A imprensa vai com
umavoracidadeterrível.Épiorque
a imprensa negra na Inglaterra.
Qualquer brasileiro corrupto que
fique quieto, recebendo as
pedradas durante quinze dias,
depois, tudopassa.Conseqüência
disso?Nenhumacampanhasocial
vai ter efeito no Brasil porque
consumimoseacabou.
Gracioso–
Ouvi outrodiadeum
banqueiro a seguinte frase:
“Emprestar não é problema. Tem
semprequemqueira. Oproblema
écobrar”.Naverdade,obrasileiro
consome tanto que o único fator
limitativoéoqueelepodepagar.
Celso –
Com relação ao micro-
crédito – que é algo que está
começandonoBrasil –, arealidade
mostraqueosquemenos têmsão
osmelhorespagadores.
JR –
Há uma empresa que
prosperou com isso, que é a
Fininvest.
René –
Gostaria de fazer um
comentário sobre a questão do
Maslow. Maslow construiu uma
hierarquiadenecessidadesenão
de desejos. Essa hierarquia é
biopsicológica,comosefosseuma
representação da natureza
humana.Elacomeçanofisiológico
– segurança–; social –
status
–;
e, finalmente,auto-realização.Há
umautor,chamadoMaddock
1,
que
temumateoria interessante,onde
“Achoqueo
brasileiro
éo
povo
mais
consumista
do
planeta
.”