Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
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mesa-redonda
Gracioso–
Issoestádeacordocom
oqueaLíviadisse.
Lívia –
Melhor exemplo seria
impossível. Cada sistema tem uma
lógica estruturante e práticas
associadasaele. A lógicaalimentar
brasileira não é uma lógica
seqüencial. Por issoque restaurante
francês, para nós, tem “pouca
comida”. Se você levar o filho
adolescente a um restaurante
francês, ele sairá com raiva e com
fome. E não é tão pouco assim. Às
vezes, são duas entradas, o prato
principal, a sobremesa, o queijo e o
café. Mas a lógica alimentar brasi-
leira é de comer em conjunto. Mas
não é o “junto”, por exemplo, da
lógicaalimentar chinesa, emqueas
diferentesunidadesdoalimentosão
aglutinadas por ummolho. A lógica
brasileiradecomer juntoéseparado,
“Dentrodesse
raciocínio
, o
McDonald’s
jamais
se
instalaria
na
PraçadaPaz
em
Pequim.”
mas juntonaboca.Por isso,éque
comidaaquiiloésucessonoBrasil
e fracasso na Europa. Ela junta a
lógica do
fast-food
, que é comer
rápido e barato, sem precisar
comer sanduíche; você pode
comer “comida”, como nós
entendemos que seja comida, na
horadoalmoço,e juntomisturado
sem estar misturado no prato.
Ninguém temumprato idênticoa
outro.Todostêmpratosdiferentes.
Evocêsimplesmentesatisfazodesejo
gastronômicodetodosindividualmente.
Háquemcoma
sushi
comarrozefeijão,
macarrão...
Celso–
Oquesepodeconcluir dessa
observação da Lívia?Que os produtos
que levarem em consideração a
realidade psicológica, etnográfica do
consumidorbrasileiroserãoosprodutos
bem-sucedidos.
Avelar –
À condição que se tenha
dinheiropara lançar.
Gracioso–
Parecequeháconsensoem
tornodequemuitasempresasdeveriam
entendermelhoronossomercado,fazer
melhores pesquisas. O marketing
etnográfico–deveríamos levantaressa
teseparaquesejaobservadacommuita
atenção–porqueparecequeéumponto
fracodonossomarketing.
1
Maddock, R. C., &Sexton, R. O. (1980). Guilt, immortality and spiritual survival (Vol. 1, no. 1, pp. 5-30).Memphis, TN:
Medical Hypnoanalysis.