Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
70
Asmarcas na encruzilhada
diferentedaqueladoseuprodutor.
OBrasil temcheiros, sabores. Por
exemplo, no Rio de Janeiro é
avassaladora a moda do açaí.
Quem oferece esse produto?
Pequenas lojas. Nenhuma
indústria alimentícia faz isso. O
sistemaalimentar daAmazôniaé
diferente do Nordeste que é
diferente doCentro-oeste. Então,
opotencialdenovosprodutosque
existe no Brasil, em alimentos, é
fantástico.
René –
A Natura está tentando
fazer issocomcosméticos.
Gracioso –
Pela sua colocação,
Lívia, você acredita que – pelo
menos no caso da indústria de
alimentos – este desprezo pelos
nossos sistemas alimentares
explicaria,maisdoqueopreçoalto,
opoucosucessodosmuitosnovos
produtos?
Lívia–
Certamente.
Celso –
À pergunta do Prof.
Graciosoqueriaacrescentaroutra
faceta: o que você acabou de
mostrar–equeédeumaclareza
meridiana – vai de encontro à
tendência de globalização dos
produtos, porque o que tem
dirigido os lançamentos é o
modelomatemático domercado.
Eesseéograndeerro,porque,na
medidaemquevocêglobalizauma
marca,vocênãoterácondiçõesde
levar em consideração as
particularidades locais.
Gracioso –
Dentro desse
raciocínio,oMcDonald’s jamaisse
instalaria na Praça da Paz em
Pequim...
JR–
NemmesmonoBrasil.
Gracioso–
Entretanto está lá e
vendemilhõesdesanduíches.
Celso–
OMcDonald’séum
case
.
Eu, por exemplo, tenho visto e
convivido com experiências que
são exatamente contrárias: o
lançamentodeconceitos interna-
cionais, a pasteurização desses
conceitosnomundo inteiroe isso
vai contra qualquer particula-
ridade, qualquer culturanacional,
qualquer cadeiaalimentar.
Lívia –
Gostaria de concluir,
“A
idéia
deque
umasociedade
de
consumo
é
umasociedade
materialista
tambéméum
equívoco
.
Consumo
éuma
profunda
mediação
de
outras
coisas
.”