Maio_2003 - page 70

Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
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mesa-redonda
pegando o exemplo do Mc
Donald’s. O importantenãoéque
a forma esteja presente, mas o
significadoqueela tem.O fatode
oMcDonald’s estar presente em
quase todas as sociedades do
mundo não significa que seja
consumido dentro da mesma
lógicaalimentar.NemaCoca-Cola.
Isso é a defesa que as culturas
exercem. Elas ressignificam. Por
exemplo, seeu lhepergunto: você
almoçou hoje? Você diz: “Não.
Comi um sanduíche no Mc
Donald’s”.Umarespostaabsoluta-
mente ricade significado. Porque
paraobrasileiroumsanduíchenão
éumalmoçoenuncaserá.Almoço
é comida de panela, que enche
barriga. Éoelementocultural. Por
isso, mesmo que você tenha
produtosglobalizados,elesvãoser
metabolizados dentro de uma
lógica cultural local que impedirá
quetodasassociedadessetornem
iguais. É um medo que eu não
tenho, nós nunca seremos iguais
–graçasaDeus.
Celso–
Vocêprecisavenderesses
conceitosparaasempresas.
Lívia–
Jáconvenci algumas.
René–
Anoteiaquialgoquandoa
genteestava falandodedemanda
que não chega ao consumo.
Lembrei-mededois itensenãosei
até que ponto o marketing é
responsável pela falta dessa
demanda. Quer dizer, existe o
potencial. As filas imensas dessa
exposiçãodosguerreirosdaChina
e as filas imensas nas Bienais do
Livro. E aí penso: o brasileiro lê
pouco.DizemqueBuenosAirestem
mais livrariasqueoBrasil inteiro.
Gracioso –
Entretanto, o Brasil
imprime duas vezes emeiamais
livrosdoqueaArgentina.Não leve
isso tãoasério.
Celso –
99% não chegam à
segundaedição.
René –
Mas nessa história de
alimentos, cosméticos, automó-
veis,seráquenãoháalgumacoisa
erradanoprocessodemarketing,
oudeprodução, oudepreço, para
fazer com que isso chegue ao
consumidordeuma formaqueele
se sinta recompensado? O Brasil
– falando de São Paulo – não é
muito ligado em cultura; é mais
ligadoemconsumo.Mas, quando
uma exposição dessas acontece,
formam-se filas imensas de
pessoas ávidas para absorver
algumacoisa.Seráquenãofaltam
museusemSãoPaulo?Quandose
tem a Bienal do Livro com filas
imensas, o que as pessoas vão
fazer lá a não ser buscar coisas para
ler. Seráqueas livrarias não sãomal
posicionadas? Será que o marketing
dealimentosnão falha?
JR –
Será que nós conhecemos
realmenteoconsumidor brasileiro?
Celso –
A conclusão a que se pode
chegar é que o conhecimento do que
é realmenteo consumidor noBrasil é
muito pequeno. E não se aprofunda
esse conhecimento. Isso que o René
falou é muito importante. No Rio de
Janeiro, o Adauto Novaes, produtor
cultural, fez uma série de três
conferências sobre temas filosóficos.
Umasobreoolhar,outrasobreodesejo
e um ciclo sobre “ Os sentidos da
paixão”. Ele disse que ficou surpreso
porqueaprimeira conferência fez em
“O
Brasil
éopaís
como
maior
númerode
multinacionais
em todoo
mundo.
“Consumimos
uma
vitória
da
CopadoMundo
em
dois
dias.
Dezdiasdepois
ninguém
quer
saberde
mais
nada.”
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