Julho_2006 - page 111

Sobre
criatividade, inovação e mudança
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M A I O
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J U N H O
D E
2 0 0 6 – R E V I S T A D A E S PM
alianças e parcerias são diferentes;
a redistribuição é outra, completa-
mente diversa. Muitas vezes, até
existe a intenção de mudar, mas
essamudança pode acarretar enor-
mes modificações; não é fácil a
mudança dentro de uma grande
corporação. Esse é um dos fatores
que fazem comque as grandes cor-
porações sejam lentas.
AVELAR
– Por que apelar a uma
empresa de fora para realizar mu-
danças na sua empresa? Por causa
dos trilhos. Na empresa, em qual-
quer área– finanças, contabilidade,
produção – há trilhos. Tudo que se
pede para fazer: “Ah! Isso não dá.”
Nós nos enamoramos daquilo que
fazemos. Criei isso com tanto cari-
nhoevou jogar fora? Sabemosmui-
to bem a dificuldade para um ge-
rente de produto emmatar umpro-
duto. Só com alguém de fora –
muitas vezes – é possível chegar a
um ponto desses.
CEZAR
– A inovação, muitas vezes,
entra num espaçodesconhecidode
risco,eopróprioacionista–nagran-
de maioria das vezes – é receoso,
não quer se arriscar.
JR
– Podemos encontrar soluções
aparentemente inovadoras,quegeram
resultados de curto prazo, mas que,
eventualmente, podem comprometer
valores importantes na empresa.
Devemos trazer issopara a discussão
porque tem a ver com ética.
CEZAR
– Inovação, inevitavel-
mente, traz uma dose de risco. Al-
guns penalizam o fracasso; outros
vêemo fracasso comouma tentativa
de se chegar a algum lugar. Mas a
práticada cobrançade resultado, até
exageradamente, quando se chega
ediz:“Ok.Voudiminuirmeuscustos.
Vamos acabar com esse laboratório
de pesquisa porque está gastando
muito”. Isso é um problema serís-
simo e acho que o modelo econô-
mico atual tem de ser repensado.
AVELAR
– Mas não vejo contra-
dição entre o risco do acionista e a
inovação. Se inovação faz parte do
seu DNA, ela é algo que está lhe
dando resultado permanente. A
inovação tem duas razões de ser: é
essencial para a sobrevivência e
para o crescimento mas, antes do
crescimento, é sobrevivência. Dei
um exemplo banal da bicicleta,
mas ou você inova, oumorre.
CEZAR
–No setor emque atuamos,
de alta tecnologia, talvez 2/3 do
valor das ações sejam relacionadas
com o que está se inventando. Ou-
tros setores já são mais conser-
vadores e talvez só se consiga
inovar quando se está numa situa-
ção catastrófica.
AVELAR
– Acho que se tornou ca-
tastrófica porque era conservadora.
ANDRÉ
– Essa questão do risco é
relevante e está associada à ma-
neira como as empresas estãoorga-
nizadas. Quantomais hierárquicas,
menos dinâmicas, mais se tem
cobrança – e não é só do acionista,
mas há cobrança de todos os lados.
Aparentemente, quanto menos se
mexe em determinada situação,
mais fácil, teoricamente, fica de-
sempenhar a sua função. A revista
Exame
, há pouco tempo, publicou
uma boa matéria sobre inovação,
falando de alguns casos internacio-
nais, e alguns noBrasil, e estampou
na capa: “Inovar é a capacidade
de transformar idéias em lucro”. O
lucro é a regra básica do capitalis-
mo. O que acho interessante, nesta
frase, é a palavra “transformar”,
porque talvezo lucro jáestejaacon-
tecendo, dentrodeuma situaçãoou
idéias que estão acontecendo.
Então, para que vou investir numa
idéia, ou transformar alguma coisa
para gerar um lucro lá na frente?
Talvez seja esse o raciocínio do
“não correr risco”.
GRACIOSO
– Creio que o que per-
meou todas as intervenções foi que
“ÉUMMUNDOCURIOSO
ESSE,POISHÁ50ANOSOS
AMERICANOSTOMAM
CERVEJAEM LATA.”
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