Julho_2006 - page 113

Sobre
criatividade, inovação e mudança
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M A I O
/
J U N H O
D E
2 0 0 6 – R E V I S T A D A E S PM
em qualquer área, é fazer diferente,
mudar pormudar.Achoquedevemos
manteresseespíritodemudança–esse
arrojoqueo jovem tem–masorientá-
lospararesultados.Estavaconversando
comumamoçaque estuda turismo, e
ela tem idéiasgrandiosasdemudança,
como o hotel ideal. Eles foram fazer
umavisita técnicaemumhoteleacha-
ramqueosapartamentosdo fundonão
eramlegaisporqueeramescuros,oexe-
cutivo chega estressado, então todos
oshotéisprecisam ser de frenteparao
mar. O que falta ao jovem é a visão
do resultado, da aplicação prática.
Mudar sim, mas para quê, por que e
com que resultado.
CEZAR
– Inovação é multidisci-
plinar.Umponto interessante éque
existem algumas carreiras que
tendem a ser muito conservadoras
– os próprios professores inibem.
Quando falamos de administração,
economia, engenharia, vemos que
muitos dos seus modelos e teorias
sãocoisasquenão fazemmaisparte
do mundo globalizado.
JR
–Ninguém gostamuitode ter um
contador criativo...
CEZAR
– Contador, piloto de avião
não podem ser criativos.
MARCELLO
– Essa é a diferença
entre aprender métodos, teorias e
diagramas e aprender a pensar. O
que acho fascinante naminha pro-
fissão; o que me fez escolher essa
área e discutíamos muito aqui na
ESPM – todo ano perguntávamos
uns aos outros o que tínhamos
aprendido naquele ano. E, com o
tempo, na prática, percebemos que
agrandecontribuiçãoque tínhamos
da ESPM era aprender a pensar,
porque os problemas na nossa vida
nunca eram iguais, a rotina nunca
é a mesma. No ambiente acadê-
mico, ainda precisamos da prática,
porque é aí que se consegue trans-
formar inovação em resultado, é
preciso estudar cases, aprender co-
mo outras pessoas pensaram para
resolver os problemas e não, ne-
cessariamente, como elas os resol-
veram. Acho que esta é a grande
contribuição de uma escola para
este tipo de área de atuação.
AVELAR
– Gostei do verbo que o
Graciosoutilizou. Ele tinha três ver-
bos:
ensinar
,
estimular
e
gerenciar
.
Ele driblou os três e falou
incutir
. É
essa a idéia: incute e dirige.
JR
– Essa Escola nasceu de um gru-
po de profissionais, que não eram
professores, e até criaram o famoso
slogan
“Aprenda com quem faz” –
e isso foi a semente de uma revo-
lução no ensino brasileiro. Hoje,
nos vemos diante de exigências do
ensino formal – especialmente o
MEC – que exige dedicação exclu-
siva de professores. Vejo uma con-
tradiçãonisso.Quer dizer, entreum
professor que vive a sua carreira to-
da entre as quatro paredes de uma
escola e o início da nossa Escola
em que eram todos livres.
GRACIOSO
– De fato, temos três ti-
pos de professores: os domercado,
que trabalham em empresas.Temos
professores de tempo integral e são
alguns daqueles quemais fazem os
alunos pensarem. O professor de
tempo integral, quando é bom, en-
sina os alunos a pensar. Temos vá-
rios exemplos desse tipo. OMário
Chamie, por exemplo, ainda faz a
cabeça demuita gente aqui dentro,
dandoaulas filosóficas sobreavida,
a profissão que inspira os jovens e
os fazem pensar. E temos os profes-
sores que misturam as duas coisas
e, poucoapouco,muitosdelesaca-
bam optando pela cátedra. Essa
mistura é salutar.
AVELAR
– Acho que é isso: sempre
terprofessoresquevêmdapráticacom
professores acadêmicos, e fazer uma
promoção ativa dessa simbiose, que
será benéfica para os dois lados.
ANDRÉ
– Essa visão do ensinar a
pensar deve ser difundida. É pos-
“OBRASILÉOPAÍSDA
CARTEIRAASSINADA: ISSO
ACABA INIBINDO.”
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