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R E V I S T A D A E S PM –
M A I O
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J U N H O
D E
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Mesa-
Redonda
a origemda inovação é omercado.
Achoquequantomaispertodomer-
cado a empresa e o indivíduo es-
tiverem, mais intuição, inspiração
eles terão.
Insight
, intuição, inspi-
ração – dêem o nome que quise-
rem –, a origem é o mercado.
JR
– Na Nestlé, ouvimos uma his-
tória antiga de inovação sobre o
Leite Moça, leite condensado, usa-
do até na guerra, porque era uma
forma de conservar o leite. As pri-
meiras remessas que vieram para o
Brasil foram importadas, eopessoal
daqui, quenãoentendiaoqueesta-
va escritono rótulo, dizia: “Euque-
rocomprar o leitedamoça”.Quan-
do a empresa passou a fabricá-lo
aqui, tiveram o
insight
de não cha-
má-lo de “Milkmaid” ou “A leitei-
ra”,masdepegaroqueopovoesta-
va dizendo e dar o nome de Leite
Moça. Gostamos muito dessa his-
tória porque foi a diferença entre
um sucesso pequeno e um notável
sucesso, de um dos produtos mais
importantes da Nestlé.
GRACIOSO
– E um dia chegou o
momento – e o Avelar viveu isso –
em que o leite condensado, como
produto, estava no fim do ciclo. E
alguém percebeu que o mercado já
tinha superado essa fase e estavauti-
lizando o produto para outros fins,
como base de receitas variáveis. Foi
a dona-de-casa que disse: “Dona
Nestlé, comece a anunciar briga-
deiroporqueé issoquenós fazemos”.
JR
– E esse
insight
é interessante por-
quenãodependede tecnologia; de-
pende de percepção.
AVELAR
– O Gracioso acentuou
que, para a inovação existir, é ne-
cessário que estejamos atentos ao
mercado. Mas também estamos de
acordo que, para que ela exista, é
precisoque haja ummotor nas em-
presas – uma liderança, seja pe-
quena ou grande.
JR
–Achoque podemos, agora, falar
da Escola. A
Business Week
, na
ediçãoespecial, apresentou três con-
clusões: a inovação pode ser ensi-
nada; a inovação pode ser geren-
ciada; e, a inovação pode ser esti-
mulada. Achoquenocasodaescola
e dos futuros profissionais, os jovens
que estão, de certa forma, sob nossa
responsabilidade, teremosdeensinar,
estimular emais doque isso, ensinar
a gerenciar. O que vocês acham?
GRACIOSO
– Acho que, além dis-
so, a escola deve incutir na cabeça
dosalunosduascoisas:1)não tenha
medo da inovação, da mudança.
Controle a sua ansiedade, os seus
temores, que são naturais, e encare
a mudança como algo positivo; 2)
seja o agente dessas mudanças.
Não seja levadoa reboquepor elas.
AVELAR
– Estou de acordo com
você, mas acho que o que a escola
tem de fazer é orientar o sentido da
mudança que todo jovem tem. Eles
sempre queremmudar tudo. Tenho
muito contato com jovens, nas
minhas palestras, e oque vejo é que
eles querem fazer diferente. Não há
coisa mais perniciosa – para a pro-
paganda, por exemplo –doque essa
história de fazer diferente.
GRACIOSO
– Não se limite à pro-
paganda; estamos falando de algo
mais amplo.
AVELAR
– Falei da propaganda por
acaso, mas a tendência dos jovens,
“INOVAÇÃOÉCOMOBICICLETA:SE
NÃOPEDALARCONSTANTEMENTE,CAI.”