R E V I S T A D A E S P M –
maio
/
junho
de
2010
78
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Na época da Visconti era bom, porque quando
não tem concorrência, o negócio fica sem graça.
~
GRACIOSO
–
O tema desta edição da
Revista da ESPM
é sobre o desenvolvi-
mentodemédias epequenas empresas,
que cresceram a partir do trabalho, da
iniciativa de um empreendedor. É bem
ahistória daBauducco.
NAJJAR
– O sucesso da sua empresa,
Massimo, éflagrante.
MASSIMO
– É que “a gente está na boca do
povo”, literalmente.Na realidade tivemosessa
sorte.NaBauducco todospodemopinar.
GRACIOSO
– Vamos concentrar nossa
conversanassuasprimeiras impressões
como um jovem recém-formado ao co-
meçar a trabalhar, de fato, naBauducco
há vinte ou trinta anos. Como era a
Bauducco, quais eramos sonhos do seu
pai, na época?
MASSIMO
– Já faz tempo. Mas aconteceu
um fato muito interessante: assim que me
formei, em janeiro de 1981, a fábrica sofreu
um incêndio que destruiu metade dela. Essa
foi aminha entrada. A sorte foi que, naquela
época, o Panettone Bauducco representava
uns 70% da produção e tínhamos tido um
bomNatal. Tínhamosdinheiroem caixa,mas
foi duro porque foram 90 dias de improviso.
Tivemos de nos virar para fazer as Colombas
dePáscoa.Lembroquenaépoca tínhamosum
concorrente,aVanMillTorradas,queeradeum
holandês. Esse senhor,muitoboapessoa, nos
ligoudoisdiasapóso incêndiooferecendosuas
instalações, casoprecisássemos fazer torradas.
Outroquenos ligou também foioproprietário
daPanco, quenaépocaerachamadadePanco
SevenBoys, dosdois irmãos japoneses. Eleaté
nosmandou algunsmecânicos para reformar
umas máquinas americanas. Uma coisa que
nos ajudoumuitonaépoca foi queonossoge-
rentegeral lembrou-sedeum fatoqueocorreu
quando ele trabalhava numa outra empresa e
nós conseguimosparcelar o ICMS.
GRACIOSO
– Já naquela época, vocês
tinhamoPanetone e aColombaPascal,
alémdeoutrosprodutoscomooBiscoito
Champanhe.
MASSIMO
–TinhaoChampanhe, aTorrada
e também uma pequena linha de Amantei-
gados. Tudo eramuito simples, não tinha es-
critórioe todosficavam juntosnumapequena
sala emGuarulhos.
GRACIOSO
– E qual era o seu problema:
concorrentesagressivosefortesouaneces-
sidadedeexpandirohábitodopanetone?
MASSIMO
– Eramais o hábito de consumir
opanetone.
GRACIOSO
– E como vocês criaram esse
hábito?
MASSIMO
– Esse “hábito” foi criado com
muito trabalho e ano após ano investindo em
propaganda, degustação, ações demarketing.
Na época havia a Visconti, a concorrência
entre as duas marcas, e se pensava somente
em aumentar os volumes, tornar as marcas
conhecidas.Tantoque,esteano,aúltima leitura
Nielsenmostraqueopanetoneaumentouasua
penetraçãonoBrasil, de46%para54%.
GRACIOSO
– Isto representaonúmerode
famílias que consomempanetone?
MASSIMO
–Correto.Mas quando se fala no
EstadodeSãoPaulo, jáestamosem72%. Jánas
regiões Norte e Nordeste ainda estamos em
34%,querdizer, ainda temum trabalhomuito
forteparaser feito foradeSãoPaulo.Naépoca
ENTREVISTA