Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
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entrevista
JR – E ainda persiste uma
grandeevasãoescolar.
JM–Oproblemadaeducaçãoé
central,apróprianaturezadovoto.
Nós temos inclusive pesquisas
sobre isso. Cerca de 60% do
eleitoradobrasileironão comple-
taram o ensino fundamental.
Trata-se de uma população com
educaçãoegraudeconsciênciade
direito precários. Uma pesquisa
que fizemosmostra que, quando
você pergunta quais são os
direitos queaConstituiçãodáao
cidadão brasileiro, 56% das
pessoas não sabem dizer um só.
Obviamente, isso temavercoma
educação,comoenvolvimentoem
associações etc., que levem à
consciência desses direitos. De
repente, nós temosoconsumidor
aparecendo como traço carac-
terístico dessa sociedade mo-
derna. Comoéque ficaa relação
entre esse consumidor e o
cidadão? A tese à qual você se
referiu é clara. Se você não tem
um cidadão consciente dos seus
direitos, você não terá um
consumidor consciente dos
direitos. Você temomaucidadão
e o mau consumidor. A tese
neoliberal,quemencionei,dizque
o bom consumidor é um mau
cidadão.Querdizer,quantomenos
elesouberdosseusdireitos,mais
elevaiconsumir,vorazmente,sem
questionar. Seria importante ser
umbomconsumidorenãoserum
bom cidadão. Como fica o nosso
caso? Foi introduzidoo códigodo
consumidor. Seria interessante
verificar estatísticas de pessoas
que usam esse código e, por
exemplo,estatísticastambémdos
juizados especiais civis. Eu creio
“A
té
1881
,oBrasil
estava
na
frente
mesmo
da
Inglaterra
,em
termos
de
direitos
devoto.”