Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
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entrevista
história era a história do Estado
nacional. Isso, no Brasil, além da
história nacional, é também um
problema de história de educação
moral e cívica. Praticamente, não
tivemos isso. A nossa história do
séculoXIX,nodizerdeJoséVeríssimo,
era toda feitadecoisas importadas.A
atual, está como? Acho que houve
melhoria na parte do ensino de
história,maselaoscilamuitotambém.
Quer dizer, antes, no governomilitar,
havia essa EducaçãoMoral e Cívica,
que era um tipo de história que
também repugnavamuitagente.
JR – Era uma história permeada
deufanismo.
JM – E criou uma coisa com um
extraordinário enraizamento popular.
Essa mesma pesquisa revela que
quando se pergunta: “Você tem
orgulhodeserbrasileiro?”“Tenho.”Por
quê?, o primeiro argumento é a
natureza, que não tem a ver com a
históriadopaís,comoqueaspessoas
realizaram. E a ignorância sobre a
própria história do país é enorme.
Tenho alunos universitários que não
sabemquem foiJoãoCândido.Então,
o problema é com o ensino geral ou
com o ensino de história? Creio que
sãoasduascoisas.Nocasodoensino
dehistória,especificamente,houve,no
período dos governos militares, Edu-
caçãoMoral e Cívica e que alienava
muitagenteporque,realmente,eraum
ensinoqueprocurava levaraspessoas
a aderir ao governo; era uma
manipulaçãodahistória.Depoisdofim
do governomilitar, foi-se em direção
quase oposta, um tipo de história
influenciadapelavisãooposicionista.
E as pessoas começaram a ficar até
constrangidasemfalarcoisaspositivas
sobreoBrasil.
JR–Nãosei senãoseremos
– ao longo de todo o estrato
social – pessoas muito
críticasdonossoprópriopaís.
JM–Concordo.Talvez,sejamais
coisasde intelectuais.Efalarbem
dopaísviroualgoconstrangedor.
Houveumautor, EduardoBueno,
que começou a escrever – na
ocasião dos 500 anos – livros de
História com um estilo diferente. Ele
nãoéumhistoriadorprofissional,mas
seus livros venderammuito. Alguns
colegastorceramonarizparaestetipo
de trabalho, mas eu não concordava
porque, se os nossos livros não são
vendidoséporquedevehaveralguma
coisa errada com eles. Não é só a
questão do conteúdo– quem sabe a
