Setembro_2001 - page 53

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RevistadaESPM–Setembro/Outubrode 2001
com os sistemas de educação
formais muito cedo. Além de
toda a influência que já rece-
bem pela televisão, desde
cedo. Estima-se que uma cri-
ançade4anos já tenhaassis-
tidoentre4e6mil horasde te-
levisão. É extraordinário, do
ponto de vista da socialização
–eassustador.Quandoaspes-
soas ingressamnauniversida-
de, sãoo resultadodoquepu-
deram aprender em todo esse
processo e trazem, em si, um
conjunto de deficiências, com
que a universidade se defron-
ta.Deficiênciasquepodemser
divididas em duas naturezas:
as relacionadas ao mundo do
trabalhoeas deficiências rela-
cionadasà vida.Achoqueéaí
queaquestão se coloca. Qual
opapeldauniversidadeeoque
eladeve fazerpara transformar
a sociedade num país como o
nosso? Represento, aqui, o
setor das empresas, mas que-
roafirmarqueasuniversidades
nãosedeveriamsubordinarao
mundo do trabalho. Nós mes-
mosdevemosolhar essemun-
do com olhos diferentes. Hoje,
nas empresas, estamos pas-
sandoporumprocesso incrível
de transformação. Acabo de
participar da organização de
um fórum de presidentes, em
que se discutiu talento huma-
no–commaisde100presiden-
tes de empresa. Tínhamos ali
representado,aproximadamen-
te, 1/3 do PIB empresarial. A
discussão do talento passa
res daempresa–ea comuni-
dade. Temos de preparar o
administrador para servir a to-
dosesses.A responsabilidade
social das empresas, por
exemplo, é uma questão que
as universidades têmquedis-
cutir a fundo.Masesseéape-
nas omundo do trabalho. Há
todauma tarefadepreparação
paraavida.Muitasvezes,per-
gunto-mepor queas pessoas
conseguem concluir cursos
universitários sem responder
questões fundamentais sobre
a vida. Como é possível que
terminemocursouniversitário
sem saber ser um bom pai ou
uma boa mãe? Alguém pode
dizerque issonão fazpartedo
currículodeumauniversidade,
masentãopoderiaserpartedo
currículodeensino fundamen-
tal,ousecundário,masalguém
tem de fazer alguma coisa.
Não que a universidade deva
assumira responsabilidadede
todasasdeficiênciasdo siste-
maeducacional.Maselapode
fazer muito mais do que está
fazendo hoje, no sentido de
preparar as pessoas para a
vidaeparao trabalho.
FG
– Tenho certeza, Luiz, de
que algumas dessas indaga-
ções vão ser debatidas aqui,
mas registro o meu temor de
queestejamos esperandode-
mais das universidades oude
qualquer outro sistemadeen-
sino. Porque tudo na vida de-
pende das emoções, do
“Estamosno
mesmonível
doParaguai –
oqueé
triste.”
pela questão da universidade
e, ao mesmo tempo, mostra
que essa questão está sendo
recolocada. Não podemos
pensar queomundodo traba-
lho se pauta pelas mesmas
regras. Por exemplo, não se
podeprepararoadministrador
paraservir apenasaoacionis-
ta. Devemos prepará-lo admi-
nistradorparaserviraosstake-
holders, que são o acionista,
mas também os colaborado-
res, os clientes, os fornecedo-
“Qual opapel da
universidadeeo
queeladeve
fazerpara
transformara
sociedadenum
país comoo
nosso?”
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