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RevistadaESPM–Setembro/Outubrode 2001
ra, você tem de levar em con-
ta como é que o garoto che-
gou aos 20 anos; quais foram
asexpectativas,oqueeleestá
esperando. A pergunta era
qual é o objetivo ou qual é a
finalidade. Você tem, aí, uma
representação desse garoto.
Ele acredita no curso que vai
fazer. Ele vai sofrer oprocesso
deapropriaçãodeconhecimen-
to,dehabilitação técnica,de for-
mação,dedomínio,maseleen-
tracomumaexpectativadeque
aquilo é uma porta, um acesso
para omercado de trabalho. É
assim que ele entra na escola.
E, muitas vezes, chega com
“gaps”, comasdeficiências to-
das – que impossibilitariam
qualquer escola de cumprir os
objetivosdefinidos. Vocêpega
um garoto de 20 anos, que
acha que vai sair profissio-
nalizado.Queagraduaçãovai
dar a ele possibilidade de en-
trar para o mercado de traba-
lho,emmelhorescondiçõesdo
que seelenãoa fizesse…
JR
–Mas isso não é uma ex-
pectativa correta? Não é isso
queeledeveesperar?
Gloria
– Sim, é o que ele es-
pera. Mas e o que nós faze-
mos?Éesseoobjetivo?Oque
auniversidade temque fazer?
Tem que unir habilidade de
vida com mercado de traba-
lho? Tenho que satisfazer a
ele? Ou dizer que ele melho-
roucomogente,comopessoa,
colocar para vocês o que nós
valorizamos quando vamos
contratarumapessoaquevem
da universidade. Talvez ajude
averqueoscritériosmudaram
muitoeque temosdadopriori-
dade ao que não se dava, no
passado.Omais importanteé
que não medimos o conheci-
mentodaspessoas; não faze-
mos um “provão”, isso não in-
teressa. O que interessa são
as competências que as pes-
soas apresentam e que as
possamajudar adar uma res-
posta diferente, nomundo do
trabalho. Nanossaprograma-
ção de trainees, valorizamos
competênciascomosaber ou-
vir, saber se relacionar, ter
empatia pelo outro, capacida-
dedesoluçãodeproblema,de
perceber o outro e ser solidá-
rio. Valorizamos toda ativida-
de voluntária, toda atividade
“Opapel da
escolaéestar
10anosà
frentedas
empresas e
nãoa
reboque.”
ao se apropriar de alguns ins-
trumentos ou de algumas
tecnologias, e/ou de alguns
conhecimentosnumadetermi-
nada direção?Ele e a família
fazem qualquer sacrifício
para que possa conseguir
isso, na crença de que o cur-
so superior lhe dará acesso
amelhores condições.
LuizEdmundo
–Talvezajude