Setembro_2001 - page 57

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RevistadaESPM–Setembro/Outubrode 2001
gente, saber durável, concei-
tos e teoria e aulas atraentes
paraosalunos.Masosalunos
nãoqueremsaber.Éuma luta,
falar de valores, de conceitos,
de saber durável, para os ga-
rotos que dizem: “Eu quero é
fazer estágio na Unilever,
comoéquevouusar essene-
gócio?” Eles pressionam para
o outro lado. O que acontece
hoje, auniversidadeprática, a
real queexisteéuma solução
decompromisso,àsvezes,um
poucomais para lá, às vezes,
um poucomais para cá, entre
essasdiversasvariáveis.Écla-
ro que somos diferentes. So-
mos educadores, temos pai-
xão pelos valores, pelos con-
ceitos, pela teoria. Mas o jo-
vem, basicamente, busca a
profissionalização.Então, isso
tem que ser colocado com
muita paciência, porque ele
realmentedesejaecobra,des-
deoprimeiroano,acoisa prá-
tica.
Luiz Edmundo
– Talvez fos-
se interessante pensar que
essaprofissionalizaçãocomo,
muitas vezes, é esperada,
tambéméalgoque seencon-
tra em profunda transforma-
ção. Hoje, consigo identificar
várias empresas tradicionais
que querem pessoas mera-
mente instrumentais, que do-
minam a tecnologia. Não es-
tão interessados em pessoas
que pensam, mas pessoas
que cumpram ordens, que re-
fletireseposicionardiantedas
oportunidadesdeumamanei-
ra positiva. O aluno, quando
entranaescola, nãoestápre-
parado, às vezes, para esse
mundo, porque ele espelha o
mundodospais,queprovavel-
mente foram formados e
aculturados nesse primeiro
bloco. Interessante é que, da
mesma maneira que perce-
bem ser necessário, muitos
deles não querem trabalhar
mais nessas empresas. Eles
nãogostariamde repetiravida
dos pais, porque essa vida
alijou-osdaqualidadedevida,
da felicidade, da alegria –
comose, no trabalho, não fos-
se possível equilibrar alegria,
felicidade, com realização.
JR
–Essanãoéumavisãoum
pouco idealizadadaempresa?
Será que elas realmente que-
rem gente criativa?
Aylza
– Há uns cinco anos,
quando eu ia às empresas
para fazer levantamentospara
montar um curso in-company,
eu ouvia: “Olha, professora, a
senhora seja muito prática.
Nadade conceitos, deacade-
mia, aqui dentro”. E eu ficava
furiosa. Engoliaa secoepen-
sava: “porqueelenãovai bus-
car alguémnoSesi emvezde
me chamar?” Hoje, a coisa
mudou radicalmente. Quando
agentechegaemumaempre-
sa, eles dizem: “Pelo amor de
Deus!Ensineomeupessoal a
“Auniversidade
temuma
responsabilidade
enorme,mesmo
quenão sejao
únicoagente
responsável pela
formação.”
“Éuma luta,
falardevalores,
de conceitos, de
saberdurável,
paraosgarotos
quedizem: ‘Eu
queroé fazer
estágiona
Unilever’.”
presentam um passado que
estáemextinção.Eháempre-
sas voltadas para todo um
mundo de oportunidades, de
descobertas, de inovação, de
criatividade, de proximidade
com o cliente. Descobrir, pela
imaginação, o que um cliente
quer, o que uma comunidade
precisa, com visãode respon-
sabilidadesocial – isso requer
um outro tipo de pessoa, me-
nos instrumental. Alguém que
podeatédominar o saber ins-
trumental,masqueprecisa re-
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