66
RevistadaESPM–Setembro/Outubrode 2001
dentro delas, expande-se a
áreade serviços. Nessaárea,
operfil daspessoasmudaex-
traordinariamente, porque as
próprias pessoas estão mu-
dando, lá fora, eas empresas
têm que responder a essas
mudanças das pessoas. Isso
é uma transformação a que
temosquedaratenção.Omo-
delo em que fomos formados
– da indústria, de divisão de
trabalho, de processos bem
estabelecidos e definidos –
está profundamente alterado.
Certos conhecimentos, ferra-
mentas, tornaram-se obsole-
tos. Não há outramaneira, a
nãoser dar àspessoasacon-
dição de pensar.
Aylza
–Opapel daescola, no
meuentender, éestar10anos
à frente: à frente das empre-
sas e não a reboque delas.
Pressupõequeauniversidade
seja um centro de estudo, de
pesquisa,dedisseminaçãode
conhecimento. Ela não pode
ficarolhandooqueaempresa
faz, para sair correndo atrás
dela.Aocontrário, seupapel é
dizer: “Olha, no futuro terá de
serassim.As tendênciasmos-
tram isso, o cenário mostra
aquilo”.Seasempresasestão
mudando nessa velocidade,
imagine a velocidade em que
nós, da escola, teremos que
mudar. Enissoachoque resi-
de a nossa falha principal.
Achoqueaindanão temosessa
capacidadede inovaçãoosufi-
isso mais verdadeiro, talvez,
na graduação do que na pós-
graduação?
Amatucci
–Em termosdeuni-
versidade – enquanto institui-
ção – aAylza tem toda razão.
É uma das coisasmais lentas
que existe. Talvez só perca
para o estadomoderno. Exis-
temproblemasdosmaisdiver-
sos, alguns parecidos com os
problemasdasempresas.É in-
crível que a velocidade da
mudançanãoesteja ligadaao
saber, à tecnologia, mas ao
processo de tomada de deci-
são. Na universidade, há ain-
damuito comportamento con-
servador das pessoas. Isso é
um dos fatores. Mas há tam-
bémo fatorestrutural.Ocurso
de graduação dura 4 anos.
Nenhum aluno termina o cur-
so com o currículo que come-
çou. Todosenfrentammudan-
ças.Acadadoisanos, agente
mudaeeles têmqueseadap-
tar. Só que isso ocorre na
ESPM.Comoconsultoradhoc
doMEC, visitei várias escolas
e isso não acontece. Asmais
inovadoras mudam a cada 4
ou 5 anos. Esperam uma tur-
ma acabar, para depois
implementar as mudanças, e
a última turma fica 5 anos de-
fasada.
JR
–Ou seja, háuma certa ri-
gidez nagraduação...
Gloria
– De qualquer manei-
“Quandoa
gente chegaem
umaempresa,
elesdizem: ‘Pelo
amordeDeus!
Ensineomeu
pessoal a
pensar’.”
“Nosanos50,
metadeda
população, em
algunspaíses,
estava
diretamente
ligadaàs
indústrias.”
ciente–nãoestoudizendonós
ESPM; mas nós, sistema de
ensino, nós, universidade bra-
sileira. As empresas ainda não
nos olham como fonte de ino-
vaçãoedeconhecimento.
JR
– A Aylza está admitindo
uma deficiência da nossa uni-
versidade–doensinodemodo
geral –denãoser inovador,de
não estar abrindo caminhos,
não estar na vanguarda. Será