Setembro_2001 - page 64

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RevistadaESPM–Setembro/Outubrode 2001
FG
–Mas você sabe que não
éaos20anosqueseaprende
uma línguaestrangeira.As lín-
guas, bemaprendidas, come-
çam bem cedo.
JR
– Então, o que a universi-
dadepretendeéquepertença
aocurso fundamental ouàes-
cola livre,oensinode idiomas?
Luiz Edmundo
–Acho que a
questão pertence ao aluno;
não a nenhum dos ensinos.
Quando alguém chega à uni-
versidade e não sabe outros
idiomas, a universidade não
temobrigaçãodedar issopara
ele, mas tem a obrigação de
abrir a visão de o quanto isso
é relevante. Acho que se ela
fizer isso, já cumpriu seu pa-
pel. Ela tem a obrigação de
lembrar que–emúltimaanáli-
se–quemé responsável pelo
própriodesenvolvimentoéele
enão auniversidade.
Aylza
– Você chegou a um
ponto crucial, no meu enten-
der. Enquanto não conseguir-
mosdeixarclaro–paraalunos
e professores – que o ensino
eaaprendizagemsãoumpro-
cessodeco-responsabilidade,
nadaacontecerá. Jádisseque
toda generalização é burra –
masnãoacreditoque todosos
professoresestejamconvenci-
dosdasuapartede responsa-
bilidadenesseprocesso. Eos
alunos também não. Há uma
dificuldade muito grande, por
duação, é uma filosofia que
estamos tentando implantar,
commuita seriedade.
FG
–Amatucci,nagraduação,
seriapossível interpretaroque
aAylzachamadeconsciência
da responsabilidadepor parte
doaluno, comomotivação?
Amatucci
– É uma das bata-
lhas que a gente trava diaria-
mente. Pegamos o aluno re-
cém-saído do ensino médio,
aindacomos traçosdoensino
fundamental, onde foi tratado
comocriança.Então,a tendên-
cia automática – tanto de alu-
nosquantodeprofessores–é
continuar essa relação
paternalista. Estamos mudan-
do issoaospoucos; oprincipal
obstáculoémudaraatitudedo
professor, porque, seoprofes-
sor deixadeser paternalista, o
aluno não tem escolha. A ne-
cessidade faz o sapo pular.
Quasemetadedosnossospro-
fessoresestáconscientedisso.
Elesmesmosdizem: “Paramos
de ser bonzinhos”. E o aluno
aprendemais comoprofessor
“mau”, porque esse professor
dizaelequeele temquesevi-
rar. Mas não é coisa simples.
Se “deixanoautomático”, a re-
laçãose inverte.Ouseja,oalu-
nocobraqueoprofessor ensi-
ne a ele, enquanto ele fica lá
“sendoensinado”.
JR
–Aescola, noBrasil, des-
deo fundamental,ésemprede
“Apesardeo
conhecimento
serperecível,
eleé
fundamental.”
“Porqueé
queonosso
aluno, de
formageral,
nãoquer ser
avaliado?”
parte do aluno, de entender
que você pode ter o melhor
professor – didaticamente fa-
lando–mas vocêaindaé res-
ponsável pormais de 50% da
aprendizagem. Nenhum pro-
fessor – pode ser um grande
comunicador, um grande
didata – vai ensinar tudo de
que o aluno precisa, sem que
oaluno façaboapartedapró-
pria lição. Esse processo de
co-responsabilidadeachomui-
to sério, e temos batido nisso
nopós-graduação.
JR
– Issoéumavisãodapós-
graduação ou deve ser uma
visão da graduação também?
Aylza
– Não sei como o
Amatucci faz,mas,napós-gra-
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