Revista da ESPM – Janeiro/Fevereiro de 2003
85
“Nãoexistemais
esse tempo, não
dámais para
trabalhar num
testedeconceito
de2meses.”
ções públicas. Então o cliente qua-
seautomaticamenteagrupaagência
com institutodePesquisa.Mas, até
uns 2, 3anos atrás, aagência tinha
muitomais prestígio do que o Insti-
tuto de Pesquisa e, hoje, já não é
assim. Por isso que eu digo que a
organização formal, no negócio da
propaganda, contribuiu muito. Na
medida em que formos nos organi-
zando – e não querendo ser
cartoriais –, conseguiremos chegar
ao cliente para mostrar que o
pessoal do Instituto pode discutir
sobre estratégia, sobre logística...
PS–
Namedidaemquenos formos
qualificando.
FT –
Vocês já se deram conta de
que nós, pesquisadores, sabemos
muito?OPaulosabedemais.OJai-
mesabedemais.Eusei demais.Por
quê? Porque estamos, a cada dia,
pesquisando produtos de natureza
completamentediferente.Gracioso,
em toda sua carreira, alguma vez,
você já pensou em potencial de
mercado para cemitério de animal
doméstico – cemitério? Pois eu fiz
uma pesquisa, recentemente, para
umcrematóriodeanimal doméstico.
O que aprendi foi fantástico. Nas
entrevistas, pessoas que haviam
perdido,hápouco tempo,umanimal,
começavam a chorar quando
falavam dele. E se existisse o cre-
matório, eles comprariam, porquea
morte de um cachorro, gato é um
problema sério de saúde pública.
Quem tem uma casamaior, enterra
no jardim. E quem não tem?Muitas
vezes vai para o esgoto. Pesquisas
dessanatureza–dedistúrbiosmen-
tais, telecomunicações,
shopping
–
todosnósaprendemosmuito.Quan-
dooclientesouberdisso,poderemos
conquistar sua confiança. Ele dirá:
"Esse cara pode falar comigo sobre
estratégia". Agora, no operacional,
achoqueosdadossecundárioscada
vezmaisvão ficarporcontadoclien-
te – bem como o sistema de
gerenciamento disso, e do levanta-
mentodosdados.ComodisseoJai-
me, hoje estámuito fácil coletar da-
dos na Internet. Mas não os dados
primários.Paraesses, semprehave-
ráos Institutos dePesquisa.
JT –
Acho que nós, pesquisadores,
precisamosdarospassoscorretospara
nãosermosasagênciasdoano2020.
JR–
Vocêsainda sedão tanto tem-
po assim?
JT–T
alvez2010. Vejoque roubei a
frase do presidente da Mercedes,
que falou isso quando lançava o
ClasseA: "Nós nãoqueremos ser o
RollsRoycedoano2020".A idéiaé
essa.Sei queonegócioéoutro; tem
outra dinâmica; remuneração dife-
rente, mas é para evitar que, de al-
guma forma, a gente corra o mes-
mo risco.
PS –
As grandes empresasmundi-
aisdepesquisapassaramadécada
de80estagnadas.Nadécadade90,
elas iniciaramumprocessodecres-
cimento–na verdade, asempresas
de pesquisa foram as últimas a in-
ternacionalizar-se. Todas, ao longo
dadécadade90, apresentaramum
crescimento vertiginoso, essencial-
mente em função da internaciona-
lização.Nosseuspaíses, onegócio
continuou "flat",maselascresceram
em função da diversificação inter-
nacional. Apesar de teremmais do
quedobradode tamanho, suasmar-
gens mantêm-se em volta de 2%.
Como é que vão sobreviver daqui
paraa frente?Acabouoprocessode
crescimento pela internaciona-
lização e em função da incorpora-
ção de negócios regionais. E ago-
ra?Com essamargenzinha de 2%,
como vão ser os próximos 5 anos?
Comoéquesevai ganhar dinheiro?
JR –
Mas você está vendo isso do
pontodevistadoempresário, oque
émuitocompreensivo.Eomercado
de trabalho?